A Federação Pagã e a Religião Pagã

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Construindo hoje as antigas religiões pré-cristãs.

 

A Religião Pagã, da qual a Federação Pagã é a organizadora, nasce como uma exigência humana em continuação àquele processo filosófico e social que, iniciando-se no Renascimento Italiano, levou ao nascimento do libertinismo, do iluminismo, do materialismo, do romanticismo.

Este movimento social e filosófico vivia em contradição entre as exigências para a fundação de um novo pensamento social e os homens e as mulheres que eram educados, emotiva e psicologicamente, dentro dos limites do criacionismo.

Por um lado as sociedades eram pressionadas a abrirem-se ao futuro, e por outro lado as pessoas que viviam nessa necessidade iminente para o início de um futuro, novo e diferente, acabavam aprisionadas naquela "verdade" criacionista que as impedia de conceberem o mundo em termos de transformações.

As pessoas eram educadas à aceitarem uma "verdade" que, diante de um deus criador, bloqueava (como ainda bloqueia) o vir a ser e as transformações delas; então descobriram que a vida é uma transformação contínua. Um vir a ser constante que não obedece à nenhuma moral e à nenhuma verdade imposta por um deus criador.

Quando os homens e as mulheres começaram a sair da moral da submissão imposta por um deus criador, logo começaram a ser capazes de se transformarem; uma vez que o "deus onipotente" lhes devastava a vida porquê não eram capazes de conceberem, emocionalmente, o mundo, como nascido de um outro modo que não fosse o modo engendrado por um deus criador. Freud descobria o inconsciente e as adaptações das pessoas aos traumas infantis, porém a educação continuou a ser aquela que sujeitava as crianças ao deus criador; continuando a devastar o inconsciente delas e, consequentemente, tornando-as cidadãos e cidadãs carentes. Darwin introduz o conceito de transformação e crescimento, tanto da Natureza quanto dos indivíduos singulares, todavia continuou-se a compelir-se as crianças ao pensamento de que eram criadas à imagem e à semelhança do deus-patrão, pelo fato de ser o criador; e com essa repressão a incutir-se nas mentes infantis que eram pessoas diferentes, isto é separadas e superiores do mundo "criado" pelo proprietário delas. Lorenz abriu os olhos dos homens para que soubessem que o mundo animal e o vegetal têm a sua inteligência; apesar disso, as crianças prosseguiram, por meio da coação, a pensarem que eram criadas à imagem e semelhança do deus-proprietário por ser ele o "criador" e levadas ao pensamento de que não eram participantes da inteligência do mundo em que viviam juntamente com todas as espécies da vida.

Por esse motivo, o século vinte foi o século dos totalitarismos ideológicos. Esses totalitarismos foram expressões da exigência dos homens para iniciarem a revelar um futuro possante, ou para continuarem abrindo um futuro aonde poderiam apenas imaginar uma identificação de onipotência com o deus criador, pois seria o criador do universo. As descobertas científicas indicavam uma realidade completamente diferente da indicada pela fé religiosa cristã e monoteísta, na totalidade dela.

A educação fornecida na infância, por obra dos monoteístas, continuava a impor às crianças a identificação na fé em oposição à realidade que a ciência desvendava. Os totalitarismos do século XX constituem o produto da reafirmação do desejo do deus-patrão (inclusive na forma de um Estado-patrão) contra uma ciência que enxergava em cada Ser, de cada espécie da natureza, os atores que construíam e determinavam o destino deles tendo por base as suas escolhas. Os totalitarismos nascem da vontade de submeter os homens à uma vontade que está externa à própria vida, como é a indicada pelo cristianismo.

O elemento central era a religião e em decorrência dela de como o homem pensava a respeito da vida em si mesma, os Deuses e o seu "habitar o mundo". Como nas Antigas Religiões, os Deuses participavam da vida e com a vida vinham a ser, do mesmo modo a Religião Pagã, retomando as Antigas Religiões, abre aos homens um futuro distinto.

Não uma verdade na qual acreditar, mas uma vida a ser vivida. Não uma moral à qual adaptar-se e obedecer, mas relações entre os homens direcionadas à construção do futuro da sociedade e dos Deuses. Não os Deuses escondidos no céu, mas os Deuses que vivem com os homens, que neles estão presentes e por eles são auxiliados, no caminho da eternidade, porquanto o caminho da eternidade é o caminho dos homens e de todos os Seres da Natureza, quaisquer que sejam as suas espécies.

Isto, por conseguinte, não somente determina uma religião diferente, a Religião Pagã, mas uma sociologia diferente, um modo diverso de elaborarem-se as leis, um modo diverso de viver em sociedade, um modo especial de enxergar a vida e o universo. Não o homem criado por um deus opressivo e tirano, onipotente, mas o Homem que, com cada Sujeito do universo, constrói a Consciência Universal.

A Religião Pagã Politeísta não é uma religião que submete crianças para que acreditem em uma verdade, mas ela fornece às crianças os meios adequados que são necessários para que as crianças enfrentem o futuro delas.

Em outras palavras: a Religião Pagã Politeísta fornece às pessoas os procedimentos para que não existam mais escravos, mas CIDADÃOS.

Marghera, 01 de janeiro de 2010

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Claudio Simeoni

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O sentido da Tradição na Religião Pagã

Os Antigos construíram a Religião da qual eles extraíam as suas relações com o mundo. Nós herdamos deles as sementes do passado, porquê somos filhos deles, porém para que os honremos devemos estar em condições de construirmos a nossa religião por intermédio das relações que mantemos com o mundo em que vivemos.