Oceano, Tétis e os seus filhos,
na Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã fala da realidade dos Deuses

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Il libro

 

Oceano, Tétis o Pagã e a Teogonia de Hesíodo

O fluir é o sentido íntimo dos filhos de Oceano e Tétis.

Os rios da vida, os rios da existência dos Seres da Natureza. Um fluir contínuo em uma mudança sem interrupção em direção a uma meta, mais ou menos pensada e considerada.

O fluir dos rios emotivos que geram a vida naquele lugar aonde encontram redemoinhos e correntes que possam compactar de qualquer modo Eros, que emergiu do ovo luminoso. O fluir do universo e o fluir da torrente debaixo de uma casa que, inchada por uma chuva repentina, alaga aldeias, cidades e campos. Tudo se transforma no universo, como debaixo da casa.

Oceano, o fluir da vida e Tétis, a ava, a Avó, aquela que deitando com Oceano gera os rios desordenados da existência humana. Tétis é a fonte da qual os rios jorram, e o infinito, é o mar para onde tendem.

Tudo flui.

Tudo vem a ser e se transforma em um mudar concludente que tem o seu presente no mundo do tempo no qual, a ação e o fluir, são um presente que se manifesta neste momento. O fluir, o contínuo transformar-se, é o presente no qual gero a ação que, atuando no fluir, se faz substância e representação da minha existência. No fluir do universo todo esse fluir está presente agora, porque as ações infinitas do fluir se fazem objeto no tempo, que determinam as minhas decisões fora da ordem racional, que quer colocar uma ordem temporal às ações.

Entender Oceano significa entender o mundo do tempo em que o fluir outra coisa não faz a não ser construir ações como objetos, que enriquecem um presente sempre vindo a ser, e sempre pronto a determinar as minhas escolhas e as minhas ações que se tornam objetos, que enriquecem um presente, e que reclamam novos objetos, novas ações, para definirem tal mundo.

Hesíodo escreve, traduzido por Romagnoli:

- E Tétis gerou os rios a Oceano: Nilo,
Erídano, que forma espirais em seus vórtices, Alfeu,
Istros das águas belas, Estrimón, Meandro, Aqueronte
prateado, Phasis, Reso, Haliácmon, Ródano, Nesso, Eptáporo,
Granico, Simeta divino, e Esépo, Ermo, Peneo, Calco de córregos fluentes,
Ladão, Sangaro o grande, Eveno, Ardesco, Partenio, Escamandro,
E gerou as filhas a sacra prole, que sobre
a terra, têm a tutela dos homens junto com os Rios,
e com Apolo: esta função prescrita por Júpiter: Suada, Ianta, Electra, Celeste de aspecto divino, Poppea, Letícia, Rosa, Gineta, Ondabela, Clímene, Dóris, Clara, Conhecida, Miranda, Giuntina, Divina a amável, Escotiaura, Biancaura, Espolina a bela,
Rápida, Donibela, Divizia dos olhos redondos,
Alegria dos corações, Lorinha, Fulgência, Perseide, Europa,
Petrina a graciosa, Tenaz, Potência, Prudência, Asia, Doreta, Fortuna, Vitória do manto de açafrão,
Corre sobre onda, Gira sobre onda, Senhora dos talentos,
e, meta aos desejos dos corações, Calipso; e de todas
a mais potente, Estige. São estas as de Oceano e Tétis
as filhas mais divinas: todavia, existem muitas outras:
que são as Oceânides dos longos tornozelos,
que, difuso em cada lugar, sobre a terra, ou nas escuridões
vivem nos precipícios do mar, das Deusas brilhantíssimas filhas.
E tanto quanto os rios que rumorejam e correm para o mar,
filhos de Oceano e Tétis, a veneranda Deusa, a mãe deles.
Mas enunciar o nome de todos é coisa árdua a um mortal:
aqueles que ao lado destes habitam, bem o sabem. -

Hesíodo Teogonia 337 - 370

Tétis e Oceano geram os Deuses: os Rios, o escorrer na forma!

Os Rios são Deuses em si mesmos. Eles são Deuses! Não existe um DEUS do rio entendido como um DEUS que toma o controle do Rio, ou que o governa. É o próprio Rio o DEUS gerado por Oceano e Tétis. Isto além de como os Seres Humanos, que vivem sobre as suas margens, à beira do rio, o humanizem representando a Autoconsciência do Rio. O rio escorre no mundo da razão, a Autoconsciência do rio habita o mundo do tempo porque o seu fluir é ação que naquele mundo é objeto em si.

Quando a representação subjetiva toma a preeminência sobre o fenômeno que a gera, então nasce a obscuridade e o desespero, porque são colocadas as bases da submissão. O Rio é um fenômeno que se apresenta aos Seres Humanos e estes o descrevem através dos atributos que intuem. Os Fenômenos que o Rio manifesta constituem representação subjetiva do Rio em comparações com a objetividade; a descrição que da Autoconsciência é feita pelos Seres Humanos que vivem sobre as margens do rio é dada pela capacidade subjetiva deles em perceber um número de fenômenos, mediante as sensações que provoca o habitar sobre essas margens e de traduzí-las, mais ou menos simbolicamente, dentro da descrição da razão.

Não se trata do DEUS do Rio, mas do Rio como DEUS!

Isto geraram OCEANO e TÉTIS.

"E gerou as filhas a sacra prole, que sobre
a terra, têm a tutela dos homens, junto com os Rios,
e com Apolo".

Oceano e Tétis puseram as bases para o nascimento da vida da Natureza sobre o planeta inteiro e cada Oceano e Tétis fazem, ou tentam fazer, a mesma coisa em todo o universo. Tétis que administra o crescimento de Hera e Hera se preocupa quando Oceano e Tétis não "transam", porque não "transando" (ter acesso à alcova nupcial) não alimentam as condições que favorecem o desenvolvimento da Natureza.

Hera é o Ser Natureza. O Ser Natureza gerador de vida. Tétis é a Antepassada, a ava, da qual as águas da vida jorram. São estas transformações que, favorecidas por outros mil Deuses, que manifestam a presença deles como condições, levam ao desenvolvimento o mundo em que vivemos. O fluir de Oceano está dentro de todos nós no fluir das nossas transformações que modificam a nossa matéria, e a nossa existência. A nossa vida é como um rio, que nascida de uma fonte percorre o seu caminho para alcançar o mar do infinito. Somos fragmentos de Oceano, como também somos fragmentos de cada Deus que participou na construção de um presente em que vivemos.

NOTA : As citações da Teogonia de Hesíodo são extraídas da tradução de Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas", Edição por Nicola Zanichelli, Bolonha 1929

Nota: transmitida pela rádio do ano 2000 - início da revisão em 18 de setembro de 2014

Revisão

Marghera, 11 de outubro de 2014

A tradução foi publicada 26 de outubro de 2015

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz Stregone

Guardião do Anticristo

Membro fundador da Federação Pagã

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A análise da Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã elaborou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas, militarmente, pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite esclarecer o ponto de vista da Religião Pagã.