kant na Crítica da Razão Pura:
demonstrar o deus cristão

A mentira cristã a respeito da realidade do deus deles

Quinta parte do Livro do Anticristo

di Claudio Simeoni; tradução para o português por
Dante Lioi Filho

Cod. ISBN 9788891170873

O Anticristo e a mentira do deus criador quinta parte do Livro do Anticristo

 

kant na Crítica da Razão Pura: demonstrar o deus cristão

 

Embora seria adequado transcrever o texto todo, permito-me extrair uma série de trechos da Crítica da Razão Pura, de Kant, por meio dos quais ele afronta as provas do conceito da existência de deus fixadas pela filosofia para o serviço do Comando Social.

A teologia se apressa em esguichar a repressão usando do terror bíblico, mas para os filósofos essa atitude era algo muito diferente. Os discursos deveriam ser muito mais refinados e elásticos. Quando Kant escreve a Crítica da Razão Pura, o cristianismo se encontra no dever de combater o iluminismo que avançava. Dois anos depois, na segunda edição da Crítica da Razão Pura, a revolução francesa será deflagrada.

O terror bíblico então, perde consistência, e o cristianismo mais ou menos inconsciente busca novas provas da existência do seu deus (ou de um deus qualquer), para poder retomar o controle do Sistema Social. A crítica Kantiana, ao meu ver, representa o ponto mais alto da resistência do cristianismo onde, a glorificação, consegue demonstrar a não existência das provas, mas simultaneamente, a não existência de provas vem, dessa maneira, a absolver deus diante do tribunal da história.

Ele próprio, após ter arruinado com as provas pretendidas, sobre a existência de deus, salva a fé em deus encontrando a sua razão na impossibilidade de poder demonstrar (através do condicionamento da razão) a não existência de deus.

Para ser lembrado: o termo dialética usado por Kant é diferente do modo como eu o uso; para ele dialética é a articulação do falado, do enunciado, enquanto para mim é a interação noumenica [interação dos objetos em si mesmos]; o revelar-se um no outro e outro em um, de dois objetos, ou fenômenos, que vêm a se relacionarem.

*DA CRÍTICA DA RAZÃO PURA* (20 TRECHOS)

(Extraído da: "Crítica da razão pura" de Immanuel Kant - edição Laterza 1987 - tradução de Giovanni Gentile e Giuseppe Lombardo-Radice)

1 - Tem-se falado em todos os tempos do Ser absolutamente necessário e não pensou-se de tal modo ao ponto de incomodar para entender-lo, e ainda como pode-se pensar somente em uma coisa dessa espécie, ao invés de demonstrar-lhe a existência. Portanto, certamente é muito fácil dar uma definição verbal desse conceito de quem, isto é daquilo, que seja qualquer coisa que o não ser é impossível; mas disto nada mais se sabe sobre as condições que se tornam impossíveis em considerá-las como absolutamente inconcebíveis, o não ser de uma coisa, e que são elas, precisamente, o que se deseja saber; ou seja, se desse conceito pensamos ou não sobre alguma coisa.

2- Do mesmo modo é para o conceito de Ser absolutamente necessário. Se vocês negam-lhe a existência, então vocês negam a coisa em si mesma com todos os seus predicados; onde pode, portanto, surgir a contradição? Externamente não há nada a que se contradissesse, porque a coisa não ser extremamente necessária; nem mesmo internamente, porque, negando a coisa, vocês estão negando o todo, o inteiro. "Deus é onipotente", é um juízo necessário. A onipotência não pode ser negada. se vocês afirmam sobre uma divindade, isto é um ser infinito, com o qual o conceito lhe é idêntico. Mas se vocês dizem: "deus não é", então não lhe é concedida nem mesmo a onipotência, nem outros quaisquer dos seus predicados, uma vez que esses são todos eliminados juntamente com o sujeito; nem neste pensamento a mínima contradição é vista.

3- Agora, se eu penso em mim como um ser que é uma Realidade suprema (sem defeitos), então sobra sempre a questão se esse ser existe ou não. Uma vez que nada falte de possível no meu conceito, passível de estar contido em uma coisa real, no geral, também falta qualquer coisa na relação com toda a condição do meu pensamento: ou seja, falta o conhecimento daquele objeto, de modo que este conhecimento seja possível a posteriori. E aqui surge também a causa da presente dificuldade. Se se tratasse de um objeto submetido aos sentidos, não poderia confundir a existência da coisa com o simples conceito da coisa. De fato, pelo conceito, o objeto não é pensado senão conforme as condições gerais de um possível conhecimento empírico generalizado; para a existência, ao contrário, como a que está contida no esquema da experiência global, o conceito não é minimamente ampliado, o nosso pensamento, por outro lado, através dessa experiência adquire um possível percepção a mais. De modo contrário, se nós desejamos pensar a existência, apenas na sua espécie pura, não há admiração que não possamos conceder em alguma característica para distingui-la de uma simples possibilidade.

4 - Esta prova, que Leibnitz disse também ser prova a contingentia mundi, colocaremos diante dos olhos sujeitando-a a exame. Ela ressoa portanto: se qualquer coisa existe, deve também existir um Ser absolutamente necessário. Porém, eu próprio pelo menos existo; portanto existe um Ser absolutamente necessário. A menor contém uma experiência, a maior uma ilação de uma experiência genérica ao que se refere à existência do necessário. Portanto, a prova parte, propriamente, da experiência; consequentemente não é conduzida inteiramente a priori ou ontologicamente; dado que o objeto de cada experiência possível é o mundo, logo esta prova é denominada cosmológica.

5 - Mas a prova infere mais além: o exame necessário não pode ser determinado, senão de um único modo, isto é, ao que diz respeito a todos os possíveis predicados opostos, para um só destes, e todavia deve ser determinado pelo seu conceito completamente. Consequentemente, há um só conceito possível de alguma coisa, que a priori a determine completamente, ou seja a do ens realissimum. O conceito, portanto, de Ser realíssimo é o único conceito de onde pode ser pensado um ser necessário; isto é existe um Ser supremo de um modo necessário. Nesse argumento cosmológico são apresentados conjuntamente muitos princípios sofistas, que a razão especulativa parece que aqui empregou toda a sua arte dialética, para realizar a maior e possível aparência transcendental.

6 - Já que não apenas almejamos este escopo, nós devemos certamente abandonar cada experiência, e buscar entre conceitos puros aquele que possua de verdade as condições das possibilidades de um Ser absolutamente necessário. Mas, se de tal modo é identificada somente a possibilidade de um tal Ser, que também nem lhe é demonstrada a existência; uma vez que é como dizer: entre tudo o que é possível há um ser, que tem em si mesmo necessidade absoluta, isto é este ser existe de um modo absolutamente necessário.

7 - O conceito de Ser supremo satisfaz todavia a todas as questões a priori, que possam ser provocadas para as determinações internas de uma coisa, e inclusive por isto um ideal insubstituível, uma vez que o conceito geral aponta-o juntamente como um indivíduo que está entre todas as coisas possíveis. Mas não satisfaz absolutamente a questão a respeito da própria existência, que era não obstante aquilo que, precisamente, estava sendo tratada; e por informação de quem, admitindo a existência de um Ser absolutamente necessário, desejasse apenas saber qual entre todas as coisas devesse ser tida como tal não lhe se poderia responder: o Ser necessário é este aqui. Pode, certamente, a ele ser concebida e admitida a existência de um ser com capacidade suprema como causa de todos os possíveis efeitos, para favorecer à razão aquilo que ela deseja, a unidade, como um dos princípios esclarecedores. Mas chegar ao ponto de dizer: tal Ser existe necessariamente, isto não mais representa a manifestação de uma hipótese digna de ser admitida, mas a pretensão orgulhosa de uma certeza apodítica, evidente, já que também o conhecimento daquele que nós exaltamos conhecer como sendo absolutamente necessário deve em si mesmo uma necessidade absoluta.

8 - A necessidade incondicionada, da qual temos urgência de maneira de tal indispensável, como o último apoio de todas as coisas, é o verdadeiro abismo da razão humana. A própria eternidade, pela sua monstruosidade sublime, que um Haller possa anulá-la, não adverte a alma desta impressão vertiginosa; do momento que esta calcula apenas a extensão das coisas, mas não as sustenta. Não se pode evitar, mas também não pode sustentar. o pensamento que um ser, que representamos como o altíssimo entre todos os possíveis, diga a si mesmo: eu sou eterno desde a eternidade, além de mim não há mais nada, exceto aquilo que é pela minha vontade; mas afinal de onde eu sou?

9 - Em outros termos: eu não posso jamais chegar ao término do declínio rumo às condições da existência, sem admitir um ser necessário; mas eu nunca posso iniciar dele. Se eu, pelas coisas que no geral existem, devo pensar em alguma coisa necessária, mas não estou no direito de pensar me nenhuma coisa em si mesma como necessária, nem seguir inevitavelmente, que necessidade e circunstância não devem se referir às próprias coisas e a estas se vincularem, porque de outro modo seria uma contradição: que portanto, nenhum destes dois princípios seja objetivo, mas estes, em cada caso, podem ser apenas princípios subjetivos da razão, ou seja de um lado buscar tudo aquilo que é fornecido para existir, alguma coisa que seja necessária, isto é de nunca parar senão para uma explicação completa a priori; ma por outro lado, de nunca aguardar essa integridade, ou seja de não admitir nada de empírico como incondicional, dispensando-se uma ulterior consequência. Neste sentido, ambos os princípios podem muito bem estar um ao lado do outro como simples princípios heurísticos e regulamentares, que não concernem ao outro interesse que não seja o interesse formal da razão. Um de fato diz: vós deveis filosofar sobre a natureza como sendo o fundamento de tudo o que pertence à existência, como o primeiro fundamento necessário, unicamente para unificar sistematicamente o vosso conhecimento seguindo a uma semelhante ideia, isto é um princípio ideal supremo; mas o outro vos adverte para que não tomeis nenhuma determinação individual, que diga respeito à existência das coisas, em relação a princípio supremo análogo, isto é como sendo absolutamente necessário, de modo que mantenhais sempre aberto o caminho para uma ulterior consequência e considerá-la assim de vez em quando como condicionante.

10 - Os filósofos da antiguidade reputavam como acidental cada forma da natureza, mas originária e necessária, segundo o juízo comum da razão, a matéria. Mas se eles tivessem considerado a matéria não relativamente (respective) como a substância no seu valor originário e constante dos fenômenos, em si mesma e nela própria, segundo a sua existência, a ideia da absoluta necessidade seria imediatamente dissolvida. Já que não há nada que vincule absolutamente a razão a essa existência; que, ao contrário, essa com o pensamento pode sempre e sem contradições suprimi-la; mas a necessidade absoluta era colocada à parte, de uma outra parte, somente no pensamento.

11 - ...do momento que a unidade sistemática da natureza não pode, nem com acordo, apresentar-se como o princípio do uso empírico da nossa razão senão enquanto nós colocamos como fundamento a ideia de um Ser realíssimo como causa suprema, para que esta ideia portanto venha representada como um objeto real, e este, pela sua vez, já que é a condição suprema, como o necessário, de onde um princípio regulador transformado em um princípio constitutivo: em que a constituição se manifesta com o fato de que, se eu considerado neste momento como coisa em si, este Supremo Ser que, em relação ao mundo, era absolutamente (incondicional) necessário, esta necessidade não é suscetível de conceito nenhum, e portanto deve ser encontrada na minha razão somente como condição formal do pensamento, mas não como condição material e hipostática da Existência.

12 - De outro lado, nós vemos uma corrente de efeitos e causas, de fins e meios, regularidade no nascer e no perecer, e do momento em que nada é alcançado em si mesmo no estado em que se encontra, isto procrastina sempre mais lá em uma outra coisa como causa sua; a qual, pela sua vez, torna necessária precisamente a mesma busca, de modo que o universo inteiro deveria se aprofundar no abismo do nada, se não fosse admitida qualquer coisa que, fora desse infinito acidental, persistindo por si mesmo originariamente e independentemente, apoie esse acidental e em conjunto, como causa da sua origem, assegure-lhe a continuidade.

13 - O principais momentos da denominada prova físico-teológica são os seguintes: 1) no mundo acham-se em todos os lugares sinais evidentes de um ordenamento conforme um escopo determinado, efetuado com grande sapiência e em tudo de uma multiplicidade indescritível em seu conteúdo, além disso de uma grandeza ilimitada de expansão. 2) Às coisas do mundo esse ordenamento final é de fato estranho, e adere a ele somente de um modo contingente; isto é a natureza das diversas coisas não poderia ser em si mesma, com meios tão variados coordenados entre eles, ajustados a um determinado escopo final, se eles não fossem propriamente escolhidos e dispostos àquilo em que se refere a um princípio racional coordenador, segundo ideias que fossem o fundamento dele. 3) existe, portanto, uma causa sublime e sábia (ou mais causas), que deve ser a causa do mundo, não simplesmente como uma natureza onipotente, operante cegamente para a sua produtividade, mas como inteligência para a sua liberdade. 4) A unidade dessa causa pode ser deduzida pela unidade da relação recíproca das partes do mundo, como pedaços de uma obra de arte, em que somente a nossa observação domina com a certeza, mas mais além, de acordo com todos os princípios da analogia, como probabilidade.

14 - Segundo esse raciocínio, a finalidade e harmonia de tantas disposições da natureza, que deveriam demonstrar apenas a contingência da forma, mas não da matéria, isto é da substância do mundo, já que nesta última seria necessário, por outro lado, demonstrar que as coisas do mundo não fossem em si mesmas aptas a uma ordem e concordância assim, segundo leis universais, se não fossem, inclusive pela substância delas, o produto de uma suma sapiência, à qual ocorreriam outros argumentos do que o da analogia onde está a arte humana. A prova, assim, poderia demonstrar um arquiteto do mundo, que seria sempre mais limitado pela capacidade da matéria por ele elaborada, mas não um criador do mundo, em que tudo é submetido à sua ideia: em que algo está bem longe de ser suficiente ao grande escopo que almeja, de demonstrar um ser originário e adequado a tudo.

15 - Se, pela teologia, entendo o conhecimento do Ser originário, esse é fundado ou na razão pura (theologia rationalis) ou na revelação (revelada). O primeiro compreende o seu objeto ou simplesmente com a pura razão, mediante, meros conceitos transcendentais (eus originarium realissimum, eus entium), e dicesi teologia transcendental; ou mediante um conceito, que se obtém pela natureza (da nossa alma), com a inteligência suprema, e que deveria ser dita teologia natural. Quem admite uma teologia transcendental é chamado deísta; que admite também uma teologia natural, teista. O primeiro admite que em cada caso nós podemos conhecer a existência com a simples razão, de um ser originário, do qual porém o nosso conceito é simplesmente transcendental, isto de um só ser, que tem cada realidade, mas que não mais se pode definir. O segundo afirma, que a razão está em condições de definir mais o objeto conforme a analogia com a natureza, ou seja com um ser que por intelecto e liberdade contenha em si mesmo o primeiro princípio de todas as outras coisas. Ele se representa, portanto, como sendo somente a causa do mundo (sem considerar se é mediante a necessidade da natureza, ou mediante a liberdade); ele, um criador do mundo.

16 - A teologia natural estabelece atributos e existência de um criador do mundo influenciando na sua composição, ordem e unidade, em que nesse mundo é necessário admitir duas espécies de causalidades, e as suas regras, ou seja natureza e liberdade. Portanto, este mundo eleva-se à inteligência suprema, ou como princípio de cada ordem e perfeição natural, ou como princípio de cada ordem e perfeição moral. No primeiro caso, fala-se em teologia física, no segundo em teologia moral (teologia moral entendida como convicção na existência de um Ser supremo, que é fundado sobre leis da moral;

17 - No momento, sendo que, só pelo fato de não poder-se afirmar qualquer coisa, pode-se desejar negá-lo, de modo que é mais discreto e mais justo dizer: o deísta acredita em um deus, mas o teísta acredita em um deus vivente (summa intelligentia).

18 - Mas, malgrado o seu uso especulativo a razão permanece em grande parte inferior a esse seu projeto, isto é de alcançar um Ser supremo, ela não menos tem a grande vantagem de retificar o conhecimento dele, em poder extrair, de outra parte, e de colocar-se de acordo com ela mesma, e com todas as concepções inteligíveis, e de purificá-la de tudo o que poderia ser contrário ao conceito de um Ser originário, e de toda combinação de limitações empíricas.

19 - Já que, sob outro relacionamento, fixamos sob o prático o pressuposto de Ser supremo e de todo modo afirmar o valor sem contradições, então seria de maior importância determinar exatamente, pelo lado transcendental, isto como seno o conceito de um Ser necessário e realíssimo, e descartar tudo o que o rejeita a suprema realidade, e que pertence ao fenômeno (ao antropomorfismo no sentido mais genérico), e removendo juntamente todas as afirmações opostas, sejam ateístas, deístas, ou antropomórficas, aquilo que é bem fácil numa discussão crítica, enquanto princípios em si mesmos, de onde é colocada de modo visível a impotência da razão humana em relação à afirmação da existência de um tal Ser, são satisfatórias em necessidade inclusive para demonstrar a impossibilidade de cada afirmação contrária.

20 - A necessidade, a infinidade, a unidade, a existência fora do mundo (não como alma do mundo), a eternidade sem as condições do tempo, a onipresença sem as condições do espaço, a onipotência, e assim por diante, são meros predicados transcendentais; e portanto, o conceito purificado deles, de onde cada teologia tem tanta necessidade, pode somente ser tomado da teologia transcendental.

- final dos comentários-

Essa é a crítica kantiana (ou parte dela) ao aparato com que a religião cristã se preparava para afrontar o avanço do iluminismo na Europa. Essa crítica, e aquilo que posteriormente se segue, com o advento do materialismo, somente penderam ao ridículo demonstrando a inconsistência das demonstrações (de um deus superior e criador), demonstrações essas que até então foram utilizadas nas discussões filosóficas, sobre a existência do Ser Criador, indo além do mecanismo de terrorismo e/ou "revelado" na bíblia.

Desde o momento que o materialismo dialético de dissolutos primeiramente, e de comunistas e anárquicos, posteriormente, usavam dessa crítica como armas com as quais atacarem o poder da igreja e a ação dela no tráfico de escravos, dentro do Sistema Social, a crítica Kantiana passou a ser uma crítica adequada aos interesses eclesiásticos, porque ela tem a intenção de desmantelar as provas (da não existência) mantendo o leitor, portanto, fixo em uma condição subjetiva com a qual, sem perceber, adere à ideia do criador supremo. Kant diz: "O que importam as provas? Tudo é subjetivo e não pode ser demonstrado, o acreditar constitui a necessidade da tua razão, portanto, continua a acreditar sem buscar as provas!"

Naturalmente as coisas podem ser lidas de maneira diferente e há o vislumbre do libertinismo (nota deste tradutor: libertinismo foi um movimento espiritual que defendia a liberdade de um pensamento livre de princípios, dogmas e normas preestabelecidas), a revolução francesa, o liberalismo, o materialismo histórico e dialético, a teoria da evolução, a capacidade para uma maestria em alterar as percepções psíquicas dos fenômenos, a alteração do desempenho físico por meio do exercício físico, as descobertas de Pavlov a respeito dos reflexos condicionados, os trabalhos de Freud, Reich, Jung, etc. indicam coisas bem diferentes e nenhuma delas ajuda na demonstração do Ser Criador.

Pode-se objetar à facilidade, nos dias de hoje, da oposição às "provas" filosóficas da existência do Ser Criador, com todos os elementos colhidos pela ciência e por métodos de trabalho desconhecidos desde há centenas de anos. Certo, é fácil dar pauladas em quem se afunda, mas pode-se recordar quando eles davam pauladas em quem, com muito esforço, se arrastava em direção à praia do conhecimento? Lembram das fogueiras erguidas, com sarcasmo, contra a liberdade de pensamento? Recordam quando escoravam o uso da tortura em quem não aderia cegamente à propagação do terror deles? Por quê ter piedade de cães que afundam quando o caminho, que os levou ao rio em que afundam, está recoberto com lágrimas e sangues de povos inteiros?

Até onde os adoradores de deuses criadores são impotentes? Será que, seguramente, já não estão tramando para armarem novos exércitos através dos quais continuarem a espargir sangue, e propagar o terror para retomarem o domínio e o comércio de escravos? Será que a moral, os princípios, as leis deles não são sempre as mesmas inspiradas nos mesmos princípios bíblicos? Será que, seguramente, renunciaram à atitude de constranger as pessoas a se curvarem de joelhos diante de um deus assassino? E não é, seguramente, esse assassino a quem se referem e com o qual se identificam? Sintonia e liberdade de culto, é o que dizem quando sentem que estão fracos, ajoelhem e obedeçam à nossa moral é o dizem quando estão fortes.

Se para as pessoas é cada vez mais compreensível a aberração do deus bíblico, muito pragmático, corriqueiro, nas ações e nos desejos dos indivíduos, já para os filósofos esse deus é muito ambíguo, pedante e enfadonho.

De nada serve reduzir à impotência o deus bíblico, se não é arrancado o dente venenoso da boca do deus dos filósofos. Sem Sócrates e Aristóteles o cristianismo é uma aberração vazia; é o produto de um demente que, fazendo-se passar por filho de um deus, acolheu a própria aberração no último momento em que teria sido pendurado em uma cruz.

Uma loucura acrescida ao propósito de ser utilizado na gestão da imoralidade, de um império agonizante.

Com a evolução das ideias e das coisas, o após se sobrepõe ao antes; qualquer descoberta levaria alguma coisa ao que já se sabia. Quando o novo consegue desmentir e desmascarar o velho, impingindo-o de ser o falso, então aquilo que foi representará somente a falsidade. Tudo o que é novo, na medida em que é a oposição às afirmações filosóficas precedentes, então nada mais faz a não ser demonstrar a "desonestidade" e a inconsistência das opiniões precedentes. Se as deduções filosóficas que precederam o novo tivessem sido honestas e coerentes com a objetividade do que está próximo, o novo não teria se oposto, mas constituiria um momento de expansão do velho, um desenvolvimento novo, novas estradas, novos horizontes.

Mas voltemos a Kant. Algo antecede a sua Crítica da Razão Pura: é honesto (dentro dos limites em que um cristão pode ser tido como honesto), não joga com exemplos, nem se ilude. Ele se serve do material oferecido pelo seu mundo, e o elabora através dos seus sentidos próprios: procura entender. Depois dele o mundo prossegue em uma direção diferente e, nessa direção, também ele arremessa a sua semente.

Por quê surge a ideia do Ser absolutamente necessário? Esta é a pergunta com que Kant começa as suas reflexões.

Por quê um Ser, como o homem, ousa elaborar uma ideia de tal gênero?

Ess ideia é uma ideia de paliativa. Não é uma ideia transcendental, como quer e afirma Kant, mas é uma ideia apresentada pelos Estoicos, sob a perseguição da crítica dos Céticos. Ninguém, e a pesquisa antropológica pode confirmar, contesta a origem natural de cada forma religiosa; é o relacionamento homem (por meio dos seus sentidos, saliente-se que são falhos) com a natureza que vem a se transformar em religião.

Por quê isto?

Nenhum animal, jamais, desenvolveu um relacionamento religioso entre ele e a natureza. Ele é a natureza, e a natureza é ele. Existe interdependência, reciprocidade, não existe sujeição. A manipulação dos adoradores de Seres absolutamente necessários, ou Ser absolutamente necessário, origina-se depois do aparecimento do Ser Humano dentro da natureza, e a própria teoria da evolução sempre teve dificuldade em esclarecer, logicamente, porque o Ser Humano, embora vivendo por dezenas de milhões de anos na natureza, é tão estranho a ela. No decorrer da sua evolução o Ser Humano efetivou uma vantagem, dentro da natureza, desenvolvendo o córtex cerebral, transferindo progressivamente toda uma série de funções próprias do interior do cérebro. Na natureza todos os animais dispõe de cinco sentidos, mais ou menos acentuados ou especializados conforme a espécie (inclusive o número pode variar de acordo com a espécie e com a sua evolução específica), somente o Ser Humano e alguns Seres Símios (em embriões) "evoluídos" utilizam o córtex cerebral para a elaboração dos fenômenos percebidos através dos sentidos. Além disso, o Ser Humano desenvolveu e aperfeiçoou, com o tempo, alguns órgãos cerebrais entre os quais o corpo estriado com a função de isolar a parte interna da parte externa do cérebro. Este processo, de qualquer modo evolutivo (porque é útil ao desenvolvimento da espécie), apresentou uma involução, isto é uma decadência, nos relacionamentos entre o Ser Humano e a natureza. Onde a estética da mesma superou a noumenia. A forma suplantou a essência. Este processo se desenvolveu no ciclo de algumas dezenas de milhares de anos, e teve diversas fases de desenvolvimento, no processo de avanço na natureza.

Aonde está tal vantagem para a Espécie Humana ter se direcionado ao caminho evolutivo, não é interessante investigarmos neste parágrafo; consideremos como um dado de fato este acontecimento.

A cada geração esse afastamento (essência em relação à forma que a superou) se acentuava, e as mensagens provenientes da parte interna do cérebro passaram a ser sempre incompreensíveis. Pode-se dizer que o Ser Humano perdeu o seu "paraíso" próprio por ser impelido à impotência de poder relacionar-se com a natureza que, de mãe "geradora", torna-se inimiga caótica e feroz ao ponto de dever sufocá-la transformando-a? Isto parece-nos um pouco excessivo; quando olho ao meu redor vejo somente os Seres Humanos retratados como ferozes, no restante suspendo o juízo e busco a causa.

O que aflora do cérebro bloqueado, do Ser Humano? A sensação de vida dentro do Planeta, a sensação de vida no interior do Ser Sol, a sensação de vida dentro do Ser Lua e no interior de todos os Seres Planetas. A sensação de ser rodeado de Seres com Autoconsciência: a Natureza, o Sol, a Lua, os Planetas, a Terra, etc.

O Ser Humano com a Natureza separa o espinho da sintonia, mas não é um pária, um marginalizado em relação a ela. Os poderes da Natureza sustentam-no, inclusive no mundo da razão, que ele vai formulando pouco a pouco.

O Ser Humano não percebe a consciência particular de um Ser Escaravelho, mas só ao menos consegue enxergar nele o agir que tem o resultado de tornar a terra fértil, auxiliando a continuidade da espécie. Essa mesma terra e essa mesma fertilidade que está apta a produzir o seu alimento. Deste ponto de vista podemos admirar qualquer Ser que existe, com a sua habilidade para solucionar os seus problemas ligados à própria existência. E ainda assim, segundo algumas pessoas, esses Seres não dispõem de uma inteligência. Todavia resolvem os problemas deles, e o Ser Humano nota a sua vantagem particular dentro da solução desses problemas por eles solucionados. Alguns desses Seres são muito grandes e "potentes", com os quais não está em condições de relacionar-se diretamente (ou fisicamente muito longe), outros parecem ser tão indefesos que aparentam estar protegidos por algo misterioso.

Os Seres como o Sol e a Terra parecem acolher o Ser Humano fornecendo-lhe bem-estar e sustento. Eles, para o Ser Humano, tornaram-se pai e mãe como passagem ao vir a ser. O Ser Humano se de um lado, transferindo a elaboração das mensagens provenientes dos sentidos que terminam no córtex cerebral e reforçando a barreira do corpo estriado, se afastava da percepção noumenica do circunvizinho (por aquilo que é) por outro lado, através da razão, procurava entender o mundo circunvizinho e os seus mecanismos, através da análise da forma (estética) traduzindo os mecanismos abrangidos pelo quotidiano do microcosmo ao macrocosmo.

O relacionamento com a natureza tornava-se um medo e uma sujeição em relação aos fenômenos. Impotência para enfrentá-los. E, aqueles temores, tornaram-se o dominadores. Depois, o Ser Humano torna-se primeiramente o deus dominador dos Seres Animais desarmados, e deus dominador de outros Seres Humanos, posteriormente.

Ele transpôs tudo isto. Tudo isto teve um retorno contra outros Seres que existem e vivem na natureza, compostos de Energia Vital Exclusiva, e em relação aos quais o Ser Humano tornou-se cego desde o momento em que desenvolveu o córtex cerebral. Embora percebendo as mensagens, provenientes através da parte interna do cérebro, que algumas vezes passam através do corpo estriado, o Ser Humano não estava em condições de averiguar, nessas mensagens, a força e a consistência delas. Isto não é demonstrável como é demonstrável a presença de uma mesa. Não posso sair dizendo ao primeiro indivíduo que encontro: "Aqui está, este é um Ser somente de Energia Vital". No mínimo me tomaria por louco (como deveria ser com aquele que anda por aí falando e divulgando de um Ser, absolutamente necessário, ou de um deus criador). Somente a quem consegue romper, mesmo que parcialmente, a barreira do corpo estriado, é a essa pessoa que posso demonstrar esta realidade (posso inclusive buscar a tradição da presença de espíritos, coisas desvairadas, etc. em cada tradição popular ou em cada religião do planeta inteiro). Porém, existem as condições, mesmo que parciais, com as quais posso dizer: "Este é um Ser de Energia Vital pura", enquanto não existe nenhuma condição com a qual alguém possa dizer: "Este é o deus criador ou o Ser absolutamente necessário". Não é impossível, embora seja difícil demonstrar a um cego uma forma que ele não pode contê-la em suas mãos.

O Ser Humano transpôs tudo isto sentindo-se com autoridade, com domínio de forças não controláveis e com mecanismos desconhecidos.

Mas se o patrão conhecia mais coisas do seu servo, certamente um elevado patrão, de uma inacessibilidade, conhecia, sabia, fazia.

Devia de qualquer modo sentir-se agradecido de tais forças que, como ele, forças que pensavam, como ele comiam, como ele faziam o amor, como ele geravam. Primeiramente foi ao Sol, à Terra, à Lua, às Estrelas e aos fenômenos da natureza aos quais o Ser Humano pediu a benevolência. Aperfeiçoando-se a estrutura do Comando Social e devendo esta fugir do Sistema Social a ser dominado, também os Seres da Natureza tomaram primeiramente a forma humana, depois de muitos tornaram-se um só (considerando-se numerosos semideuses dos quais estava cercado o deus dos católicos), para tornar-se finalmente impessoal, impenetrável, Ser incondicionado absolutamente necessário. Uma construção por sobreposição do não conhecido, como um fiador do Comando Social, torna-se ideia transcendental a priori.

São esquecidas as transmissões, as mudanças, a ideia do Ser incondicionado necessário passa de boca em boca. De geração em geração. As suas dimensões crescem. Os adjetivos que se referem a ele são sempre absolutos. Todos devem curvar-se diante de tal magnificência, todos devem curvar-se ao Comando Social (essa é a verdade) que por esse Ser incondicionado foi legitimado, aprovado. O nome do Ser absolutamente necessário do exército vencedor passa a ser exaltado; no pó o nome do Ser absolutamente necessário do exército derrotado. Quem levou o exército à vitória? O próprio Ser absolutamente necessário! Elogiem! Elogiem! Elogiem! Mas elogiar qual coisa? O controle do Comando Social sobre o Sistema Social dos Seres Humanos.

Separado da sociedade dos homens torna-se "puro pensamento", e é discutido dentro do próprio "puro pensamento". De onde derivou-se tal pensamento? Da religiosidade nascida com o Ser Humano, é o que responde o Comando Social; pela incapacidade do Ser Humano governar o seu vir a ser exclusivo, responde a Natureza.

Blasfemos loucos, deus punirá a todos, só que leis, cárceres, tortura e fogueira, deus não tem a força para impô-los, essa força somente os que fazem dos Seres Humanos carnes para serem negociadas, são os que têm essa força.

Onde estão os predicados de força e de onipotência do vosso Ser absolutamente necessário? Ele é onipotente, ele é onisciente, mas qual fim miserável ele teria tido se não fosse sustentado por exércitos, leis e constrangimentos?

Como pode ser pensado (descrito) esse Ser? Se o penso como realidade suprema já não sei se ele existe. Não posso conhecê-lo a posteriori, ele não entra no âmbito dos sentidos (no dia a dia da razão), portanto não é possível mudar a disposição do conceito de Ser Supremo com o Ser Supremo. Portanto, posso pensar nesse Ser somente como categoria pura "nenhuma maravilha que não podemos fornecer algum caráter para distingui-la de uma simples possibilidade", diz Kant.

E aqui a intrujice, uma manobra de Kant para enganar a todos. "Burlei a todos!", diz Kant "removi dos sentidos de vocês o Ser Supremo, a única coisa que possuem para perceberem os fenômenos e os objetos, mas do momento em que subtraio de todos o Ser absolutamente necessário, dos sentidos, e introduzo-o nas puras ideias, vocês somente poderão pensar nele, porém não poderão nem avaliá-lo e nem criticá-lo."

Se o Ser absolutamente necessário constitui apenas uma pura ideia, então esta é a comprovação da sua não existência. Como o Papai Noel. O ente e tudo o que é aprisionado nas puras ideias, isto é nas ideias irrepreensíveis, são hipóteses das respostas às perguntas quando, ao menos surge, a característica cética ao que se refere ao não-conhecimento.

Hoje posso falar dos comportamentos que derivam do constrangimento contra as necessidades sexuais (graças a Freud, Reich e companheiros). Kant não estava capacitado para um discernimento de tal monta; para ele esses comportamentos sufocados, digamos assim, como tudo o mais da psicologia, outra coisa não eram a não ser movimentos da alma. Comportamentos e ideias hoje empíricas, inclusive em uma articulação diversa de impressões, para Kant tudo penetrava no transcendente e nas puras ideias. O mecanismo, ao contrário, deve ser compreendido; ideias empíricas são transformadas em ideias puras através do esquecimento do empírico na percepção e na formulação das próprias ideias.

A necessidade pragmática ao afrontar o quotidiano tende a dispensar o ceticismo do juízo, da sensatez, em relação à determinadas soluções de problemas pensados (descritos), para substituí-lo pelo juízo de necessidade. O juízo de necessidade, transmitido pelo Comando Social de geração em geração torna-se o único juízo, e desterra no esquecimento tanto a solução como o problema descrito. O juízo de necessidade se transforma, em decorrência do Condicionamento Educacional, na solução e na resposta às quais o Sistema Social deve curvar-se, deve sujeitar-se.

Se uma coisa existe, existe também o Ser absolutamente necessário. Este é um procedimento arbitrário, descabido, e responde Kant: "a menor contém uma experiência, a maior uma ilação, uma suposição, de uma experiência em geral, em relação à existência do necessário." Porém, é muito mais: é uma operação errada e desonesta. Absolutamente necessária é a coisa, não o Ser. É o existir da coisa que a torna necessária em si mesma, não o seu reflexo no Ser.

Os adoradores de deuses colocam-se, isto é a eles próprios, no centro das atenções do universo e acima deles o deus deles do qual extraem uma garantia, um aval pelas suas proposições, pelos seus enunciados. Ignoram ou querem ignorar os objetos e o relacionamento com estes, que determina a existência deles. Não somente isto, mas negam a existência em si mesma desses objetos dos quais não são capazes de perceberem a estrutura que os faz existir, em decorrência das necessidades próprias.

"É sofismo", afirma Kant. Quando um conceito vazio é cercado por centenas de adjetivos absolutos através dos quais levanta-se uma cortina de fumaça com a qual ocultar o vago e a inconsistência, a incoerência de um conceito, constitui um método sofista. A força do conceito, neste caso, está na auto sugestão, na auto-hipnose induzida através da repetição dos adjetivos que não admitem a crítica. O Condicionamento Educacional passa através da negação da crítica, das condições sofridas pelos sujeitos subalternos ao Comando Social. Através da fumaça dos adjetivos o nada toma uma forma gigantesca e terrível, tornando-se o Ser absolutamente necessário, que é o primeiro agente que nutre o medo e a impotência. Por outro lado, com a questão do Ser supremo, decepa-se a cabeça de cada problema e de cada questionamento, "solucionando-os". Não pode ser dito: "O Ser absolutamente necessário é este aqui", cada vez que uma questão, uma dúvida, fica em suspenso, então aparece a solução na "vontade de deus" dando-se por vencida qualquer vontade de pesquisa.

Quando o Sol era o "deus" os Seres Humanos, admirando-o pelo prazer que sentiam proveniente do seu calor, a Ele atribuíam cada intercessão na natureza, da qual obtinham euforia por suprirem as suas necessidades particulares. Eles podiam dizer: "O Ser absolutamente necessário é este!" E por isso, indicá-lo. Não estavam errados; a indicação reconhecida por eles era oriunda das suas necessidades que, através da ação daquele Ser, eram satisfeitas. Aquele Ser não interferia nas ações humanas senão indiretamente, por meio da natureza. Por meio da própria existência.

Começou a interferir quando alguém, intitulando-se seu filho (ou enviado por ele, ou nele se inspirado), apresentou-se como testemunha, e portanto com o direito de proclamar-se o Comando Social, o proprietário de outros Seres Humanos. Hoje o Sol é considerado, pelo Ser Humano, que o colocou numa categoria de uma bola de fogo; e o Ser Humano na categoria de uma máquina de trabalho de modo que ele esqueça a existência do Ser existente; por quê então não afastar o Ser absolutamente necessário em direção à escuridão do infinito, da razão pura, longe da percepção dos sentidos?

Se não podemos demonstrar a sua existência não podemos demonstrar nem ao menos a sua não existência. A dúvida do Condicionamento Educacional permanece inalterada.

"Não havendo elementos para não acreditar, tanto faz acreditar; o que custa?" É o que diz o Comando Social a quem quer se subtrair do jogo de adesão a uma conceituação que, tem o escopo de impedir os Seres Humanos de deterem em suas próprias mãos o destino das suas vidas; em vez disso devem se entregar à ilusão da existência de um Ser absolutamente necessário, o qual seria a expressão do Comando Social que faz com que a autoridade, e a onipotência (desse Ser), tenham origem no próprio Comando Social.

E ainda: quem tem necessidade do Ser absolutamente necessário? Quem, senão a mente cuja necessidade é a de impedir às outras mentes de enfraquecê-la, no seu trono privativo do Comando Social? Quem senão aqueles que em nome da paz, ao invés de desautorizar a necessidade da guerra da ladroeira, da exploração, invocando a paz dos sentidos ao que se refere à percepção do desejo ao prazer e ao conhecimento; ou seja, são aqueles que têm somente o objetivo de impedir a separação dos indivíduos da adesão ao Comando Social, mantendo-os sempre isentos do direito de crítica, bem como fazendo-os sempre persistentes em desempenharem o papel de carnes para o trabalho?

Nós temos essa necessidade? Nós quem?

Nós os patrões do exército, por meio do qual nos apoderamos do trabalho de mãos alheias, ou nós os Seres Humanos que invadimos o céu do conhecimento e do discernimento?

Nós, que rezamos ao Ser absolutamente necessário para que ele nos socorra na insatisfação do que queremos, isto é dos nossos desejos insatisfeitos; ou nós que temos as mãos sujas de lama e de graxa para satisfazermos as nossas necessidades?

Qual de nós tem a necessidade do Ser absolutamente necessário? Por quê, remontando às condições da existência, devo necessariamente admitir um Ser absolutamente necessário?

Isso parte do pressuposto do qual a minha mente, o meu pensamento, é capaz de descrever as condições através das quais foi produzido o existente. E, uma vez que todas as condições foram pensadas (descritas), eu reporto-me ao Ser absolutamente necessário dizendo: "Pronto, este é o Ser absolutamente necessário!" Devo negar todos os valores do ceticismo, desde o momento em que a minha mente pode pensar em tudo o que existe até alcançar o Ser absolutamente necessário?

Se prossigo, em regressão às condições (que produziram o existente) não chego às explicações do Ser absolutamente necessário, mas chego à presença de outras condições, e a definição objetiva da minha existência permite-me supor o limite objetivo das condições obtidas, no reino da existência atual. É tomar uma decisão drástica, ao reportar-me às condições, por meio de uma afirmação absoluta do imaterial, do puramente impalpável, do Ser absolutamente necessário; é uma decisão que se torna totalmente uma representação de uma tentativa de aludir um movimento para trás, uma regressão a essas condições.

E ainda: por quê "para as coisas existentes devo pensar em alguma coisa de necessária, mas não estou no direito de pensar em nenhuma coisa, em si mesma, como necessária?" Quem determina tal direito? Posso afirmar que uma coisa é resultante de causas, ou compartes de causas, e posso admitir tais causas, ou compartes de causas, como sendo necessárias à finalidade da coisa, mas não posso admitir a impossibilidade daquela coisa, em si, enquanto pela sua vez torna-se causa ou comparte de causa de outras coisas. Essa mesma causa torna-se necessidade no concatenar, na associação das causas e efeitos aos quais eu assisto no momento que tal coisa entra nos meus sentidos ou na minha percepção.

O fato de desejar remover das causas e dos efeitos a própria determinação, a inteligência deles, consente a transferência da atenção da vontade da coisa que age, com os meus sentidos, à vontade do Ser absolutamente necessário que faz agir tal coisa nos meus sentidos. Tal transferência é arbitrária e desonesta, porque o fato em si mesmo, que eu posso escolher entre mais coisas para a satisfação dos meus desejos, com esta escolha, ao invés de uma outra, dá-se início a uma associação de causas e efeitos em vez de um outro encadeamento. Isto vale para a ação de cada objeto em si.

Não apenas posso, mas devo pensar as coisas como objetos em si mesmos porque a existência deles, em relação a mim, é o último ato de um encadeamento específico causas-efeitos endereçado ao futuro que aquele objeto manifestou. E é Kant quem admite tudo isto quando adverte a razão de encontrar caminhos mais curtos: ..."isto é de não deter-se nunca senão em uma explicação a priori completa."

Exceto depois, ao construir o compromisso no qual afirma, em síntese, o investigar na natureza e nas causas, tendo-se presente o primeiro necessário, e somente para colocar ordem no vosso discernimento, seguindo tal ideia, mas não tomem nenhuma resolução, como sendo absolutamente necessária. Ótimo truque, engenhoso e desonesto, finalizado a um socorro de caça e caçador. Aqui interfere a crítica dos filósofos da antiguidade os quais paravam um pouco com o discernimento, com o juízo sobre o necessário, atribuindo-o à matéria.

A razão, segundo Kant, não está vinculada à existência da matéria, porque a razão pode suprimi-la através do pensamento que representaria a necessidade absoluta. Kant está em condições para demonstrar a existência do pensamento enquanto ente ou objeto em si separado do restante, e não como fenômeno ou expressão de uma organização particular da matéria? Não somente isto, mas se não estou errado, os antigos filósofos (gregos) consideravam quatro elementos: a água, o ar, o fogo e a terra, enquanto os chineses a esses elementos acrescentavam a madeira (e não me recordo, também um outro elemento, talvez o metal). Em outros termos, não consideravam simplesmente a matéria, mas no interior da matéria, também a energia representada pelo fogo.

O pensamento outra coisa não é senão um relacionamento particular entre matéria e energia, em uma organização também particular, dentro da razão (como um instrumento da matéria viva). Kant poderia manter o seu conceito próprio se o pensamento (entendido como: o que é pensado) tivesse uma dimensão própria bem como uma própria individualidade (objeto em si, ao invés de fenômeno específico do objeto).

Inclusive quando falo de Seres Luminosos, ou de Seres de Energia Vital, não me refiro jamais ao pensamento puro, mas a uma concentração particular de Energia Vital organizada de tal modo que mantém compacta a própria Consciência de Ser. Em outras palavras, poderei falar dos Seres Luminosos como Seres compostos de etapas diversas da matéria, como posso falar de corpos físicos sendo compostos por etapas diversas de energia. É um erro comum esse cometido por Kant, erro que deriva do concepção, do seu tempo, deformada pela teoria do primeiro pensamento do Demiurgo, que o cristianismo adotou-a como sendo sua, e por meio da qual tenta driblar, esquivando-se de todos os críticos, ao que se refere a esse pensamento. O pensamento como ente em si mesmo, absolutamente necessário; portanto o primeiro pensamento como Ser absolutamente necessário. Hoje sabemos que o pensamento é produzido pelo indivíduo por meio da sua organização sináptica, das células do cérebro, e sabemos também do relacionamento dialético existente entre a percepção da realidade e organização sináptica, entre organização sináptica e percepção da realidade.

Portanto, o pensamento é um fenômeno de um objeto, não é objeto em si mesmo, e muito menos absolutamente necessário e de modo especial ao que se refere à existência do Ser Humano.

Aceitando-se como válida a exceção comum segundo a qual os animais estão privados do pensamento, e aceitando-se o pensamento como sendo uma faculdade genuinamente humana, bem como considerando-se como os animais têm a capacidade para afrontar e resolver todos os problemas vinculados à sobrevivência deles (existência e evolução), inclusive com a frequente variação das condições objetivas, podemos considerar o pensamento como mero exercício da mente suprimindo-lhe cada valor nobre (cogito ergo sun - penso logo existo), que lhe foi atribuído nos seus últimos milhares de anos aproximadamente.

Insiste ainda Kant quando diz que, a natureza, não pode ser considerada de uso empírico sem que nós nela não colocamos, como base, a ideia de um ser muito real, como a causa suprema. Esta ideia, diz ele, nasce no pensamento em relação a ela. Depois continua, em uma outra parte dizendo que, nós presenciamos um encadeamento de efeitos e causas, de fins e de meios, etc. Pois bem, esta concepção é genuinamente de origem hebraica pela qual, o Ser absolutamente necessário, com um toque de varinha mágica cria a natureza e coloca ordem no mundo. A teoria da evolução já perturbou essa concepção. Kant enxerga a liberdade somente nas ações humanas, típico do adorador de um deus colocado no centro do universo, peculiar ao Ser Humano (ou melhor do comando dele) como sendo "senhor" e "proprietário" do planeta.

Os objetos não são puras representações dos sentidos, mas são objetos em si mesmos, os quais, conforme as especificidades, exercem a sua liberdade sob a forma do livre arbítrio como adaptação subjetiva às variáveis objetivas manifestadas na objetividade, na qual os objetos agem. As causas, ou causas concomitantes, isto é as concausas, produzem efeitos, estes pela vez deles, tornam-se causas, ou concausas, de outros efeitos e não se tornam causas, ou concausas, ainda, de outros efeitos enquanto a escolha da adaptação deles abre-se e exclui outras escolhas.

A liberdade, pode ser afirmada, quando implica em escolhas conscientes, juízos, e estes constituem prerrogativas do Ser Humano.

Incorreção!

Não é prerrogativa do Ser Humano, mas prerrogativa do Ser Vivo, porque ninguém pode afirmar a inconsciência na escolha do Ser Leopardo; escolha em perseguir uma determinada caça ou de não persegui-la no caso da caça não lhe ser vantajosa. Ou seja, vale para cada Ser Vivo, tanto animal como vegetal.

Pode ser atribuída também aos não "vivos".

Um curso de água escorre da montanha, onde há a nascente, abrindo uma brecha até o mar. Hoje parece-nos que estamos em condições para definir, com uma boa margem de aproximação, leis e princípios aos quais a correnteza da água obedece no seu movimento. Com uma boa aproximação, porquanto não consideramos o desconhecido. Ninguém pode afirmar que a correnteza da água não age como adaptação subjetiva, de acordo com as variáveis objetivas. A objeção imediata é a de que o curso da água não tem consciência própria, isto é não tem a capacidade para escolher, entre outros fatores mais, pois ao contrário indicaria a sua inevitável Autoconsciência.

Não se levando em conta o fato de que não podemos estabelecer a priori a não existência da Autoconsciência na estrutura, isto é na vivência do rio (sempre podemos considerar como hipótese uma consciência como parte de uma Consciência maior, que é a do Planeta Terra), eis que não temos nem ao menos conhecimentos para excluirmos tal realidade. Quando nós excluímos a Autoconsciência, dentro dos objetos, isto acontece em decorrência do Condicionamento Educacional em que, já nos parece intrépido, considerar a Autoconsciência nos animais (sem falarmos dos Seres Vírus e dos Seres Bactérias) e ainda mais nas plantas. Certamente, não possuímos elementos que, através dos quais, podemos excluir a priori tal Autoconsciência. Por outro lado, cada escolha pela liberdade curva-se sempre ao constrangimento, o qual pela sua vez, é o exercício da liberdade que sempre se curva ao constrangimento, o qual pela sua vez, é exercício da liberdade de um Ser mais "forte" com características próprias.

O homem não atribui a inteligência aos Seres Animais e Vegetais, no entanto atribui inteligência ao imaginário ser absolutamente necessário. Não é reconhecida a inteligência dos objetos do mundo, e das suas partes, das quais jorra a vida, e no entanto atribuem a inteligência (projeto e escopo) às ideias patológicas, doentias, como as que se referem a um ser absolutamente necessário! Solicitam-se provas de que o curso de água seja uma inteligência, e no entanto não são fornecidas provas de inteligência do ser absolutamente necessário criador do mundo, mas solicitam-se às pessoas para que nele acreditem e para que a ele se submetam!

O fato devido ao qual a água do rio vai das montanhas ao mar, é um ato de adaptação a uma variável objetiva obrigatória. Também o nascimento de uma criança é adaptação a uma variável (ou a outras mais variáveis) objetivas obrigatórias, isto não significa não exercitar a liberdade própria no nascimento, significa exercitar a liberdade dentro de condições impostas.

Por analogia, também podemos dizer que o rio exercita a sua liberdade específica dentro de condições impostas.

Pensamento ousado, mas por quê excluí-lo a priori? E seja como for, é muito mais real do que o Ser absolutamente necessário. A minha estrutura material tem um bom percentual de matéria inerte (ou considerável como tal), tal organização constitui uma Consciência de mim; o fato de que eu não percebo as Autoconsciências dos objetos, ao meu redor, não significa que estas não existem, pode significar simplesmente a minha insuficiência ou incapacidade (ou inutilidade das funções) para a percepção delas. Seguindo esta exposição conceitual, pode-se objetar: "nada exclui uma eventual existência do Ser absolutamente necessário."

Oportuno!

Quando eu considero a hipótese (tendo o juízo suspenso por parte da razão, enquanto não verificável em relação aos objetos, denominados inanimados), segundo a qual objetos inanimados poderiam estar de posse de uma Autoconsciência, é uma hipótese devida à transferência do meu reflexo, da minha materialidade, sobre os objetos, os quais, são de qualquer modo, constituídos de substâncias equiparáveis à constituição do meu físico. Tal consideração não determina em mim uma apreciação diferente em relação ao objeto inanimado, que eu continuarei a usá-lo conforme as minhas necessidades. Deixo simplesmente o juízo, isto é a avaliação racional, em suspenso, numa hipótese conceitual, especulativa, totalmente diferente da hipótese do Ser absolutamente necessário.

As provas físico-teológicas são simplesmente jogos, isto é manipulações para enganarem Seres ingênuos, e propensos a tais manipulações.

Era um tempo diferente.

A ciência não tinha uma solidez.

Era o obscurantismo, o povo não tinha permissão ao conhecimento; a proibição de as pessoas perguntarem a si próprias o por quê das coisas (ou dos fatos, melhor dizendo), para buscarem as respostas.

A "fé" era imposta pelas armas.

Era o obscurantismo imposto, era a época de uma não indagação à obtenção do discernimento e do conhecimento puro; para quem praticava uma busca ao entendimento: as fogueiras e a tortura.

Mas, vamos falar dessas "provas": 1) o mundo é comandado por uma grande sabedoria; 2) as coisas existentes na natureza, ajustando-se para um fim, jamais poderiam ajustarem-se sozinhas, e por isso, somente um "princípio" que as comandasse poderia harmonizá-las conformando-as; 3) deveria haver uma causa, não simplesmente a própria natureza onipotente, mas uma "inteligência" dirigente para a sua liberdade; 4) a unidade dessa causa só poderia ter como conclusão a unidade das relações entre as partes do mundo, como se fossem peças de uma obra de arte.

Todas estas provas são a negação objetiva do Ser absolutamente necessário, exatamente com essas provas demonstra-se a inconsistência do conceito de um "deus criador". A organização do mundo, a ordem existente no mundo, é obtida por meio da adaptação das partes singulares, as quais sob o contínuo relacionamento entre elas, criam adaptações recíprocas. Esta adaptação recíproca acontece seja nas grandes acumulações das massas estelares, seja nas mais ínfimas partículas da matéria; entre os grandes organismos da natureza e os micro-organismos unicelulares, dentro dos quais existe uma série diversa de trocas, isto é de mudanças, com percepções do tempo diferentes. As coisas da natureza são coisas por si mesmas. São Seres Autoconscientes capazes de adaptarem a subjetividade própria, de acordo com o variar das condições objetivas.

Esta é a grande liberdade da natureza e a direção que ela principia no seu caminho de evolução. A grande liberdade da natureza outra coisa não é senão a resultante da liberdade de todos os Seres, dentro da própria natureza.

Na natureza existem colônias de "seres" (nota explicativa deste tradutor: agregados de indivíduos, de animais, de vegetais da mesma espécie, que formam uma única entidade) como se fosse um ser único; e constituem um ser único enquanto parte única que está a serviço do todo. Todos juntos representam uma única Autoconsciência. Como eu sei sobre isto? Eu sei! Em todo caso vamos lá: as células das minhas mãos estão vivas, mas têm finalidade, estão especializadas para servirem o todo, as minhas mãos vivem, mas não se trata de uma filosofia transcendental e nem há condições para se alimentar uma filosofia transcendental. Uma rainha da espécie dos cupins, a reprodutora, está em condições de colocar os ovos, mas não está em condições para se defender, nem de ir à procura de alimento; os cupins soldados (nota deste tradutor: machos e fêmeas estéreis) e os operários (nota deste tradutor: machos e fêmeas estéreis) estão capacitados a isto, mas não em condições de colocarem ovos. Por quê, portanto, as minhas mãos e o meu cérebro participam na definição do eu sou, e isto não pode acontecer para as formigas, abelhas, rainhas dos cupins, todas juntas a definir o eu sou?

Quanta desolação para o Ser Humano que se posicionou no centro do universo, e sobre ele um suposto deus criador surdo e cego diante da imensidão adjacente! As causas, em sua unidade, podem ser documentadas e demonstradas pelas relações entre as partes. A causa não comprova um nada, no máximo o conjunto de causas concomitantes comprovam a adaptação subjetiva das várias espécies às variáveis objetivas, porém nada mais.

A natureza tem uma meta? A razão nos indica a meta da natureza: a conservação própria através da própria reprodução. Ao nível da razão o único fim da natureza é a própria natureza.

Se saltamos do plano da razão (na percepção) observando o percurso da natureza ao gerar formas de vida, cada vez mais complexas, podemos arriscar como meta da natureza a de gerar o ser incondicionado. Ser incondicionado não como criador e organizador da natureza, mas como construção da natureza através de adaptações sucessivas e agregações sucessivas de Autoconsciências sempre mais complexas. Onde a resultante dessas Autoconsciências é uma Autoconsciência, chamada Natureza. Um Ser poderoso, capaz de canalizar energia vital, para onde ele tem a necessidade para a sua própria sobrevivência.

Pode existir uma finalidade diferente?

Os adoradores de deuses preferem considerar a natureza um brinquedo nas mãos de um deus estranho, bizarro e fantasioso, e assassino; ao invés de considerarem a imensidão dentro da qual estamos vivendo.

As células da minha mão são conscientes da capacidade de "pensar" do meu cérebro? O meu dente incisivo está consciente da habilidade do meu pé? Todavia eu sou consciente das mãos, pés, dentes e cérebro e exerço a minha adaptação subjetiva às variáveis objetivas encontradas. Se fosse um Ser Saguaro (espécie de cactus) do deserto de Sonora, então exercerei a minha adaptação subjetiva às variáveis objetivas próprias do Ser Saguaro do deserto de Sonora. Do mesmo modo, se eu fosse pé, exerceria a prerrogativa de ser pé, idem se fosse dente, etc.

Portanto, para dar um valor mínimo às coisas ditas provas físico-teológicas, deverei colocar o Ser incondicionado como meta da transformação da natureza e não como causa dela!

Aqui Kant rejeita deixar-se enganar pela imbecilidade, que existia no seu tempo. A ordem da natureza, quando muito, poderia demonstrar a obra de um arquiteto do mundo, que é mais, muito mais, do que um criador. Os adoradores de deuses dizem: "Quem criou o caos originário senão o próprio deus?" "Quem a não ser o pensamento divino?" Resposta cruel de tal modo que, afasta-nos para além da crítica, e também muito estúpida como indagação, que não vale a pena nos determos nem um pouco em respondê-las, pois se não fossem esses tipos de perguntas que causam tédio nas respostas, essas são perguntas que constituem um ponto de apoio para o credo deles. Quando uma proposição não pode ser demonstrada, e nem o oposto pode ser demonstrado, ela está isenta de comprovação por insuficiência de provas, e isto já é o suficiente para os adoradores de deuses continuarem com as suas obras de terror.

Há a demonstração, que é a vida dos Seres Humanos: aquilo que serve para construir terror e angústia só pode ser falso e ilusório! Por isso que a condenação acontece diante do tribunal da vida.

Eu sou o que sou. Sou capaz de projetar o meu ser em "todas" as direções do espaço e do tempo (concebíveis por mim), e mantendo sempre o grau de discernimento de Ser Humano.

Estou em condições de estar lá na origem das mutações, das transformações; um disco amarelo em campo negro e depois o caos. É a visão da Blavatsky; se depois essa mulher a tenha visto sobre um livro ou tenha percorrido, ao contrário, o trajeto das grandes linhas das mutações, isto vai depender da subjetividade dela. Aquilo que eu presenciei, nada mais era a não ser aquilo que agora está organizado, em maneira diferente. A minha consciência alcança somente até esse ponto, mas ela é suficiente para distinguir o murmúrio viscoso, escorregadio e arrogante de um Ser Luminoso miserável que, para satisfazer os seus desejos, se anuncia o deus criador diante de alguém que morre de terror sem saber como enfrentá-lo, no que diz respeito à expansão do Universo que através de um número infinito de adaptações percorre o trajeto para o desenvolvimento da Autoconsciência. Se eu devo apresentar-me ao tribunal da vida, então eu estou pronto! Diante do tribunal da lógica não existem absolvições por insuficiência de provas e o compreensível, para o Ser Humano, é limitado pelo seu próprio ser cujos limites, seja como for, não podem ao menos ser imaginados para os adoradores de deuses.

É conveniente a explicação kantiana para não se cair na armadilha da ilusão. Recordo-me de Reich e o seu lamento em Escuta, Zé Ninguém! (Ascolta Piccolo Uomo); deixou-nos em relação à vida debaixo de microscópios e nas áreas orgânicas, e foi condenado por quem não tinha tempo para verificar o conhecimento nem tinha interesse em fazê-lo.

Vamos agora ao duelo, ao último sangue, que é combatido na filosofia contrapondo deístas e teístas.

Os deístas, por ordem de tempo, representam a última invenção dos adoradores de deuses. Expulso o deus deles da natureza e dos afazeres do universo, ei-los a encontrá-los em seu último refúgio na razão humana. Deus nós o conhecemos através da razão; ele tem essa realidade (dentro da razão), mas nada mais podemos estabelecer a respeito dele. Não é verdade? Na razão humana o Condicionamento Educacional criou raízes por alguns milhões de anos.

"Vós", dizem os adoradores de deuses, os gestores do desespero humano, "de modo tal que gradativamente tornastes-vos velhos, ou que gradativamente os problemas da vida a vós aniquilarão, de modo que vós tornareis aqui diante de nós. Nós administramos as prisões, os hospitais, os sanatórios, os orfanatos, a miséria dos marginalizados, os hospícios, as comunidades de recuperação para os dependentes de álcool ou tóxicos. No momento você é jovem, esguicha energia por todos os poros, mas o Sistema Social por nós organizado lhe sugará essa energia, pouco a pouco, e depois, quando a nós tornareis, então estareis a aceitar tudo o que nós queremos. Eis senhores, rebeldes, anticlericais, aqui está, olhai como ficou reduzida a vossa moral sem deus!"

Não foram somente alguns milhões de anos de Condicionamento Educacional; têm sido alguns milhões de anos de castrações físicas da espécie inteira nas regiões européias. Nos últimos dois mil anos, particularmente, tem sido combatido, por parte dos sistemas sociais, o avanço do deus absoluto e a solidificação do seu domínio. Por dois mil anos os cristãos prosseguiram com as matanças dos seus opositores, tanto os religiosos como os sociais. Eles castraram o Sistema Social privando-o de indivíduos de intelecção, percepção e sensibilidade, indivíduos que estavam em condições de livrar o Sistema Social do obstáculo repugnante do obscurantismo. Indivíduos reduzidos à incapacidade para decidirem por si mesmos, por vontade própria (ou ainda porque esses indivíduos serviriam aos interesses deles), aqueles que numa tentativa de se colocarem a serviço do Sistema Social, na realidade foram usados para caírem nas mãos do carrasco cristão.

Assim, formando-se o deus conhecido através da razão, do mesmo modo veio se formando a dependência da razão a esse fantasma aninhando-se no interior da mesma.

Não ideia transcendental, mas resultado de uma luta dura para adestrar o Ser Humano.

O segundo conceito, o Teísta, é mais interessante. Foi, indubitavelmente, o pai do degenerado deísmo, mas que possuía uma prerrogativa perigosa: alguns dos efeitos geradores, na elaboração Teísta, caíam sob a percepção dos sentidos. Ou, pelo menos, em alguns casos, tinham um aspecto recebido e pensado pela razão como objeto do cotidiano. Se você considera, por exemplo, o Sol ou "Mãe Terra" e outros cultos que estes geraram. Uma estrutura religiosa, baseada nestes elementos, é de uma extrema periculosidade para o Comando Social. Se você considera, seja dito de passagem, a concorrência entre cristãos e os adeptos do mitraísmo nos primeiros três séculos da era cristã. Os seus deuses são submetidos à análise dos indivíduos do Sistema Social, e em algum momento qualquer pessoa conseguia construir um relacionamento entre eles e uma interpretação diversa. Com o auxílio de circunstâncias favoráveis, os indivíduos podiam discutir a respeito do Comando Social. O Teísmo delineava um deus real, e tal deus real não era difícil de ser contatado, de descrevê-lo e de interpretá-lo.

O uso de substâncias psicotrópicas teve a sua parte não secundária. Eram alguns milhares de anos que o Ser Humano se nutria de cogumelos e plantas, e em cada experiência da percepção alterada constituía tanto fonte de prazer, como fonte de relacionamento com a divindade. O uso de substâncias excitantes e de substâncias alcoólicas primeiramente nos ritos órficos, e posteriormente nos dionisíacos, o uso do ópio no Oriente próximo, o uso da amanita muscaria, favoreceram a alteração da percepção e tiveram um papel não secundário na identificação do indivíduo com um deus pessoal. Os alimentos que alteravam a percepção não ficaram imunes da necessidade da busca do deus, e não foram os únicos conforme testemunham os ritos de êxtase com quedas em transes e perda de consciência praticados largamente pelos xamãs de toda a área do mediterrâneo.

Este tipo de religiosidade era perigosa para um Comando Social em formação pronto para destacar-se do Sistema Social.

Quem encontrasse uma amanita muscaria (e sobrevivesse) podia entrar em relacionamento com deus; que estivesse faminto podia ser possuído por visões, quem se embriagava ou dançava podia ser porta-voz de uma divindade.

O relacionamento com o mundo do quotidiano, através da alteração da percepção sensória, não é governável pelo Comando Social. É utilizável apenas por sociedade de indivíduos que vivem por meio de um relacionamento simbiótico com a natureza, organizados em um Comando Social que não exerce a posse, mas só age em função das necessidades sociais.

O Teísmo, diferente do deísmo, tem origem no empírico inclusive se esse empírico não é aquele dos sentidos da razão no quotidiano. Nas sociedades tribais fenômenos de percepção alterada eram e são comuns, de modo que a tais fenômenos estavam vinculadas muitas decisões, e a percepção de experiências extrassensoriais era comum. É hipótese a de que, esses relacionamentos com o mundo, fossem a base que deu origem às religiões.

Foi tão-somente em um segundo tempo que o Comando Social desfrutou da adesão a elas, por parte dos sistemas sociais, para assumir e radicalizar o controle acrescentando crenças diversas e mais convenientes a ele. O Teísmo tem uma razão particular de Ser! Pode ser considerado como uma forma de percepção alterada das consciências extra-humanas e extra-sensíveis, que conforme tais percepções ao nosso redor, vão além do comum desta percepção. Somente em um segundo tempo, e nas sociedades mais "civilizadas" (no sentido real e atual do termo) que o conceito Teísta teve o seu primeiro momento de transformação. Da percepção das consciências extrassensoriais passou-se à percepção de um Ser "superior" ao Ser Humano. Igual e superior ao Comando Social pelo qual veio a ser comprovado. A mente do Ser Humano passou a ser importunada por adjetivos e exaltações à "autoridade" de tais seres.

Cada vez que, no desenvolvimento da percepção extrassensorial, as imagens eram modificadas devido ao Condicionamento Educacional então elas, de simples consciências, assumiram aspecto humano aparentando serem cada vez mais terríveis. O Comando Social estava alcançando o seu escopo usando a religião como um meio, como um instrumento de controle e de coerção do Sistema Social.

O Comando Social, no decorrer dos séculos, entendeu que havia a necessidade de afastar o indivíduo social de uma administração pessoal e espontânea, no que dizia respeito aos relacionamentos religiosos entre ele e a Natureza. E deste modo reduziu-o à condição de escravo. A escravidão fez o Ser Humano Social esquecer como entrar em contato com os "espíritos" da Natureza.

Estes tornaram-se mudos!

Poder-se-ia objetar (falando racionalmente) que seriam somente projeções internas da mente alterada pelo uso de substâncias psicotrópicas ou níveis de alterações psíquicas. Não se pode negar, mas de qualquer modo era uma interpretação subjetiva do mundo, uma troca de informações que foi forçada a se calar pela intervenção do Comando Social.

O Teísmo é capaz de retornar ao relacionamento com as consciências da Natureza, o deísmo obriga o pensamento a girar em torno de adjetivos, através dos quais é ofuscado o vazio, de modo que o pensamento limite-se ao Ser absolutamente necessário ou Ser originário.

As consciências que são atingidas com alteração das percepções, sejam consideradas projeções internas de imagens, sejam percepções de Consciências dentro da Natureza, não são jamais o Ser originário, mas somente presenças frequentemente permutadas pelos elementos pensados em decorrência do Condicionamento Educacional religioso, que é específico do Ser Humano, que percebe ou que idealiza, conforme deseja considerar essas presenças.

A "teologia" natural, capaz de tanto, pelos motivos acima expostos, quando é desgastada por adjetivos e pelo Condicionamento Educacional, próprio do Comando Social, tem uma razão de ser deste. E, como afirma Kant, exatamente nos movimentos da natureza existem dois movimentos, considerados por ele: natureza e liberdade. Onde um não pode existir sem o outro inclusive na nossa concepção do pensamento diário, até que tal pensamento limite-se ao físico, o qual também nas condições impostas por ele, constitui natureza e liberdade.

Natureza e liberdade, nas condições impostas, são específicas de quaisquer seres, da Bactéria ao Crustáceo, do Verme da Terra ao Mamífero, incluído o Homem. Todos eles, inclusive o reino vegetal, exercem a liberdade deles na natureza através das condições impostas pelo próprio ser.

Não podemos em absoluto conjecturar "a inteligência suprema", não existem as condições a não ser que não nos consideremos partes singulares da natureza, partes de um todo, e conjecturássemos a possibilidade de não fazermos parte da natureza, mas ao contrário partes do Ser Natureza. Temos que, também este conceito, mesmo sendo mais real, como uma passagem pelo quotidiano, é de qualquer modo bem diferente do conceito do Ser Supremo.

Não estando em condições, e nem tendo capacidade, para demonstrar a quem quer que seja a existência de uma consciência unitária da natureza e, por isso, considerando esta um Ser excepcionalmente grande em relação às nossas específicas capacidades de compreensão, qual pode ser o nosso comportamento ao que diz respeito ao mesmo?

Com certeza não um comportamento de sujeição!

Posso pedir a um dos meus pés para curvar-se diante mim?

Ao contrário, eu devo aceitar o desenvolvimento obtido pelo meu pé, devo proteger a evolução obtida por cada parte do meu corpo em relacionamento com as outras partes, com a finalidade de poder enfrentar em condições, das melhores possíveis, a objetividade na qual me encontro nesta minha existência.

Minha tarefa seria o desenvolvimento das várias partes a serem usadas, principalmente ao afrontar condições específicas, e desacelerar o desenvolvimento de outras, para que tais condições específicas não venham a ser superadas. Devo, em outras palavras, manter constante o equilíbrio dentro do relacionamento dialético objetividade-subjetividade com a finalidade de obter vantagem ou, para o meu bem-estar pessoal, obter equilíbrio e alterá-lo na mudança das condições objetivas. Para ser adequado, adaptável ao Ser natureza, eu devo desenvolver o meu ser na singularidade disto que sou. Como devo ser, ao contrário, diante de um Ser supremo?

Submetido!

Devo agir (diante do Ser supremo) para o bem-estar dele em prejuízo do meu? O Ser supremo não pode existir dentro de condições, como não podiam existir condições para que o poder do Comando Social foi exercido, dentro do Sistema Social.

Com muita labuta o Sistema Social impunha condições ao Comando Social, condições às quais este se submetia com má vontade, com muito descontentamento, tentando escapulir dessas condições, de todos os modos possíveis, e portanto enganando o Sistema Social e provocando frequentemente reações ferozes. O Comando Social obrigado, no decorrer da história, a ceder espaços ao Sistema Social, isolava o controle religioso à pura ideia da razão de modo a afastá-lo do Sistema Social, por meio do engano, e levá-lo a um reexame ao qual o Sistema Social mais cedo ou mais tarde, e eventualmente, alcançaria então a liberdade para agir sendo capaz de superar o Condicionamento Educacional imposto

É a isto, exatamente, que Kant se refere, quando explana sobre a capacidade da razão e da vantagem desta em corrigir o conhecimento de Ser supremo, colocando-a de acordo com todas as condições inteligíveis e purificando-a de tudo o que pudesse ser contrário ao conceito de Ser originário. Não o menciona superficialmente demonstrando o contrário, isto é da necessidade de a razão ser purificada de tudo o que a induz à submissão diante do conceito de um Ser originário. Diante do Ser originário Kant cede por medo. Tudo, inclusive, para reafirmar o domínio desse Ser.

Por quê? Inclusive ele próprio reconhece que não existe nenhuma prova objetiva da existência desse Ser. Kant pagava o seu tributo ao Condicionamento Educacional, como todos enfim, mas em relação a esse tributo ele já lançava as suas sementes de liberdade. Ele demonstrou a sua atitude pessoal em desconhecer qualquer prova racional que comprovasse a existência desse Ser supremo; e pelo seu ponto de vista foi um ato de rebelião contra o específico Condicionamento Educacional; um comportamento que o Comando Social aprontou-se para administra-lo quando, com a chegada dos novos tempos, o vento das inquietudes para a liberdade começou a soprar e a dispersar grupos de pessoas, que tratavam dos afazeres pouco honestos, grupos dos delegados de deus na Terra; o Ser supremo saía da sede celestial para se alojar na transcendência da razão pura.

Por outro lado, afirma Kant, se o Ser Supremo afirmasse a sua eficácia, sem contradições, seria necessário eliminar tudo o que repugna a realidade suprema desimpedindo o campo de todas as afirmações em conflito, sejam estas ateias, deístas e antropomórficas

Se (isto é: no caso de)! Se! Se! Se!

A afirmação está sempre na forma positiva; nunca na negativa! Condicionamento Educacional e materialização de um conceito sem substância, estes são os elementos que regem a ideia de Ser Supremo. Sem isso o Ser supremo parece aquilo que ele é: um espantalho usado para aparar as asas das crianças, que desejam dar um salto ao céu do conhecimento e da sabedoria. Um espantalho que tem a função de reconduzir cada tipo de rebelde debaixo do abrigo do Comando Social.

Pode-se sofismar a respeito do Ser supremo, mas nada mais do que isto. Resta somente o dever de cada Ser Humano de relacionar-se com o mundo no seu interior e ao seu redor, desenvolvendo a si mesmo. Cada forma de sujeição constitui um grilhão que tem como único escopo o de impedir a liberdade para a realização, e que impede consequentemente o desenvolvimento do Poder de Ser. Esse poder interno, específico de cada Ser Vivente, no interior da Natureza, e que leva-o a afirmar "eu existo!" e leva-o a colocar em ação todos os meios com os quais a adaptação da própria espécie forneceu a ele, para melhorar o tempo e a qualidade da sua existência.

Marghera, 10 de abril ded 2014

 

Quinta parte de "O Livro do Anticristo", capítulo único: A MENTIRA CRISTÃ SOBRE A REALIDADE DE DEUS! DEUS COMO REFERÊNCIA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA, DE KANT.

De acordo com as reflexões desta página, após alguns anos, nascerá a ideia da Teoria da Filosofia Aberta

*NOTA* N.2: O termo noumeno ou neumenia é entendido como a essência do objeto, e não apenas como um objeto suscetível de ser pensado.

 

- Não esperem do Livro do Anticristo
uma obra literária, um plano, um floreado.
A mudança do modo de enxergar o mundo
é uma insurreição emotiva, uma violência,
com a qual a atenção do indivíduo modifica
a sua descrição do mundo.
Tal mudança não acontece no homem
com comportamentos elegantes, com doçura,
gentileza, cortesia, respeito e magnanimidade.
Acontece porque o indivíduo impõe a ele um comportamento
que constitui a sua própria necessidade.
O Livro do Anticristo fornece os instrumentos
que permitem ao homem enxergar o futuro,
inclusive quando estes instrumentos podem resultar de uma exposição mal interpretada!

 

Marghera, 10 de abril ded 2014

 

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

 

O Anticristo e a mentira do deus criador quinta parte do Livro do Anticristo

 

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- Formatação atual feita em

Marghera, 10 de abril ded 2014

Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz Stregone

Guardião do Anticristo

Tel. 3277862784

e-mail: claudiosimeoni@libero.it

Livro do Anticristo

O Livro do Anticristo foi escrito no ano de 1985. Aquela versão foi modificada até 1990. O Livro do Anticristo foi colocado na web muito rápido, e sofreu formatações de páginas diversas segundo como os sites apresentavam as páginas web. A versão que apresento é a versão original do Livro do Anticristo na cópia que por um ano foi guardada na Siae (Sociedade Italiana dos Autores e Editores) como Obra prima. Ter-se descoberto que o Livro do Anticristo, que se inicia com a visão da formação do Universo, nada mais elabora senão a resolução do paradoxo de Hegel, que faz coincidir o Ser com o Nada, e com a previsão de enfrentar esse argumento na Teoria da Filosofia Aberta, foi o que me levou hoje, 09 de Abril de 2014, a refazer a formatação do livro inteiro.