Tifãomaquia
na Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã fala da realidade dos Deuses

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

De: CLAUDIO SIMEONI em seu LIVRO: * A ESTIRPE DOS TITÃS *

A Religião Pagã e a Teogonia de Hesíodo

 

Tifãomaquia

Tifão é o inimigo dos Deuses Olímpicos pela existência deles. O futuro dos Deuses Olímpicos será resolvido por Tifão.

Nós falamos de mortais e de imortais numa relação entre os dois sujeitos. Consideremos por nós mesmos, os mortais, porquê podemos constatar que, no estado em que vivemos, o nosso corpo físico cessará de existir: morrerá.

Inclusive os Deuses têm um corpo físico, e também esse corpo físico morrerá. Pensemos no Ser Terra, Rea e o coração dela, Equidna. Quando o Sol explodirá, porquê hoje a ciência nos diz que de qualquer modo a sua massa incandescente está destinada a modificar, radicalmente, a sua natureza, destruindo a Terra e os Planetas do Sistema Solar, também o Ser Terra, Rea, no estado em que ela existe no momento, morrerá. E assim, a atmosfera, Zeus, e assim o respiro de liberdade de cada Ser da Natureza, Demetra, e assim a natureza em si, Hera, etc., etc.

A Tifãomaquia é tudo isto. O choque entre isto que existe e a sua destruição: a sua morte do corpo físico.

A Tifãomaquia é a batalha com a qual os Deuses Olímpicos reafirmam o direito deles de construir a vida da Natureza, afastando deles, portanto, o momento da "morte".

Na Natureza o predador toma a vida animal, que ele caça, para nutrir a si mesmo; a caça coloca em execução as suas estratégias próprias para afastar a ação do predador. Com uma certa regularidade a caça consegue sobreviver à ação do predador, mas quando ela envelhece as suas possibilidades para resistir ao predador diminuem, as possibilidades de defesa da presa diminuem até o momento em que morrerá. Quer seja o predador um leão, um vírus, uma bactéria, quer seja um inimigo às portas da vida, sempre um predador chega, também para os Deuses. Tifão quer caçar os Deuses Olímpicos enquanto eles estão no vigor deles.

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

- E aquele igualmente teria cumprido uma façanha fatal,
e teria imperado sobre todos os homens e sobre os Númens,
sem o aviso previdente do pai dos homens e dos Númens.
Emitiu um rumor seco, terrível; e ao redor da Terra
expeliu um ribombo horrendo, e o Céu que domina a imensidão,
e a Coligação, e as correntes do Oceano, e os abismos terrestres;
e todo o grande Olimpo estremeceu sob os pés dos imortais,
enquanto movia o Senhor. A Terra emitiu lamentos prolongados,
e um incêndio ardeu sobre o mar de violetas, que abrasador
tornou-se em conjunto com o relâmpago, o trovão e o horrendo fogo,
com o raio luminoso, com o vento, com borrascas em chamas.
E tumultuava toda a Terra, junto com Céu e o Mar,
e se enfuriavam em círculos sobre toda a praia os grandes vagalhões,
sob o impulso dos Númens, tudo estava num tremor infinito.
Hades estremeceu, que domina os mortos destruídos, os Titãs
que estão em torno de Cronos, tremeram no Tártaro, quando
aquela batalha tremenda explodiu, aquele clamor incessante.
E Giove, depois que irou-se, depois que apanhou as armas,
o trovão com o raio, o relâmpago fumegante e ardente,
com um grande golpe lançou-as do Olimpo; e as cabeças
ao redor e nos arredores do monstro horrível a todas queimou.
E aquele, depois que foi dominado, despedaçado pelos golpes,
caiu abaixo, mutilado, a Terra emitiu longos lamentos.
E uma chama brotou do Deus luminoso em choque
nas selvas de um vale a outro do Etna todo acidentado em rochedos.
E ao longo de toda aquela região que ardia pelo hálito divino, a terra
de amplo dorso, identicamente se liquidificava em estanho
quando amálgamas a abrasa por dentro, em fornalhas, em seus sulcos
ou então em ferro, que dentre todos os metais é o mais duro,
quando entre os vales das montanhas doma-o o fogo irado
dentro da terra divina, o liquefaz o habilidoso Hefesto.
Assim a terra, com a chama do fogo se dissolvia.
E consequentemente, furioso arremessou-o ao imenso Tártaro.

Hesíodo, Teogonia 836 - 880

A Tifãomaquia começa com Zeus que, percebendo o que estava sucedendo, age. Os Deuses não combatem. Todos os Deuses estão aterrorizados diante do poder de Tifão. Somente Zeus salta do Olimpo e põe em movimento toda a Terra. Coloca em movimento todas as transformações do planeta. O que derruba Tifão? Tifão é derrotado porquê Zeus usa a foice dentada de Gaia: a sua vontade para a existência.

O poder de Zeus. A sua capacidade para sacudir a superfície do planeta Terra. Envolver a Terra com a labareda do raio e do relâmpago.

Toda a Terra fervia e tudo ardia numa transformação. Todos os Deuses estremeciam, não somente os Deuses Olímpicos, mas também os Titãs abaixo da terra e Hades guardião das sementes do futuro. Não havia mais futuro naquela forma que o mundo tinha assumido.

Se Tifão vencesse todo o projeto para a vida racional de Zeus, este seria destruído. Se Zeus interrompesse Tifão, então estaria garantindo um futuro através da forma a todos os nascidos que formavam Hera, a natureza. Com o combate, nada mais seria igual como era antes. Seja quem quer que tivesse vencido. A vitória de Zeus permitiria o surgimento do mundo da forma e da quantidade, no qual um infinito números de Seres da Natureza organizariam as suas escolhas e os seus desafios para a existência. A vitória de Tifão teria concedido uma transformação diferente do mundo e caminhos diversos. E eis Zeus para demonstrar como o mundo do tempo dos Titãs e de CRONOS, baixados na matéria, tornavam-se a mudança e a transformação do sujeito. As mudanças poderiam, ainda, produzir Consciências e Cognições. O ciclo das transformações não estava concluído. O Ser Terra constituiria um Ser vital que passaria a modelar, que plasmaria os viventes, e guiaria as espécies em direção à transformação, modificando, assim, o ambiente em que viveriam.

Desse modo, Zeus queimou as cabeças de Tifão. Queimou-as, pois outras cabeças seriam produzidas, novas cabeças, diversas cabeças, cabeças que se seguiriam umas às outras. À qualidade e quantidade presente outra qualidade e quantidade seriam fundidas de maneira que, o presente teria sido transformado conforme o que viesse a ser acrescentado. Esta é a vitória sobre Tifão que Zeus, pai dos Deuses Olímpicos, obteve.

Uma vitória que obteve sozinho.

Nenhum DEUS marcha ao seu lado, porquê esta é a sua guerra. A sua batalha. A manifestação do seu poder em relação ao infinito e à própria Entidade diante da qual ele afirma: "Eu existo e pretendo transformar-me e crescer!" Reiterando esta afirmação precisamente com a sua vitória particular, com a sua determinação própria ao construir a si mesmo. Não foi atingido o fim dos tempos sobre este planeta. Foi atingida a era de Zeus.

Tifão cai diante dos golpes de Zeus. Admite novas oportunidades. Admite o poder que se apresenta e as novas oportunidades que lhe vêm a ser reservadas. Reconhece que muitas transformações, que têm origem em Zeus, esperam o vir a ser. Tifão retorna ao imenso Tártaro de onde saiu. Volta ao Tártaro pronto a voltar ao mundo da razão e a sacudi-lo, combaterá Zeus que o faz cessar, ou fazê-lo morrer. Do Tártaro Tifão chama as Autoconsciências para a transformação, para prosseguirem no caminho delas rumo à eternidade, porquê este seu modo de agir alimenta a sua própria força e o seu próprio vir a ser.

Afastado o fim das transformações, no presente, Hesíodo inicia a narrar-nos como Zeus iniciou a sua atividade criadora, transformando o próprio presente, por intermédio dos seus relacionamentos sexuais. Reaparece como o dominador dos imortais, e com o seu envolver a terra passa a alimentar a respiração de novas Autoconsciências, o respiro de novos Seres.

Com o seu cobrir o Ser Terra, Rea, Zeus dá origem a um ciclo de transformações do qual nós somos o resultado final.

Da vitória de Zeus sobre Tifão vêm a ser construídas as condições para o nascimento de uma sequência de transformações das quais, novas condições, avançam no gerar novas Autoconsciências.

*NOTA*: As citações da Teogonia de Hesíodo são extraídas da tradução de Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas" Edição de Nicola Zanichelli Bolonha 1929

Nota através da transmissão radiofônica do ano 2000 - início da revisão 18 de setembro de 2014

Revisão

Marghera, 01 de novembro de 2014

A tradução foi publicada 12 de fevereiro de 2016

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz Stregone

Guardião do Anticristo

Membro fundador da Federação Pagã

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A análise da Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã forjou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos primeiros cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas militarmente pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite clarificar o ponto de vista da Religião Pagã.