Zeus e Têmis
na Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã fala da realidade dos Deuses

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

De: CLAUDIO SIMEONI em seu LIVRO: * A ESTIRPE DOS TITÃS *

A Religião Pagã e a Teogonia de Hesíodo

 

Zeus e Têmis

Têmis é o Titã da justiça universal, o equilíbrio que se realiza entre as forças que entram em jogo, no universo.

Como todos os Titãs manifesta a condição do tempo, e o equilíbrio é a ação presente no tempo. Um objeto que se adapta a cada desequilíbrio imposto mediante as escolhas subjetivas de cada sujeito.

O equilíbrio, entendido como controle por parte do desenvolvimento da vida, das oposições que são geradas na vida, deve ser "baixado" pela regra cósmica-universal à especificidade dos Seres da Natureza nas "criações" de Zeus.

O amplexo de Zeus com Têmis permite esta transferência do princípio equilibrante do universo ao princípio equilibrante que favorece o desenvolvimento dos Seres da Natureza, e das sociedades humanas, como solução das oposições e dos conflitos que encontram na vida.

Da relação entre Zeus e Têmis derivam os "mecanismos" que compõem aquela que nós comumente chamamos de Justiça. Por este motivo, Justiça, como um conjunto de forças divinas e tensões sociais, são filhas de Zeus e Têmis e vêm, frequentemente indicadas, na filha: Diké.

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

- Desposou a delicada Têmis segunda, que deu à luz as Horas,
Dice, com Eunômia, com poderosa Paz - elas estão sempre vigiando
as atividades dos homens - e as Parcas,
às quais honra máxima o Crônide concede: Laquésis,
Atropo e Cloto: o bem e o mal dividem aos homens -

Hesíodo, Teogonia 901 - 906

O Titãs estão confinados no Tártaro, mas do Tártaro falam com os Seres filhos de Hera, com vozes retumbantes, que o próprio Zeus não pode ignorá-los. Zeus deve tomar dos Titãs os tijolos que lhe faltam para construir o presente racional. Ele mesmo, tendo germinado dos Titãs, não pode ignorar aquilo que levou-o a ser o que ele é! Depois de Métis, brotada dos Titãs Oceano e Tétis, é a Titânide Têmis que participa junto com Zeus na construção dos Guardiães do vir a ser dos Seres que em Hera despontam.

Depois de ter engolido Métis, Zeus não é mais o mesmo Titã. Agora podemos considerá-lo tanto como sendo o pai dos Deuses enquanto constrói e funda tudo o que vemos, olhando para trás nas mutações que levaram à fundar o presente, quanto nas escolhas que fazemos para fundar o futuro. Todos os Titãs se manifestarão, mas deverão aceitar a intermediação dos Deuses Olímpicos dos quais nós, porquê somos filhos da Natureza, somos pais e filhos ao mesmo tempo. Somos filhos porquê germinamos da Consciência deles, do Conhecimento deles e das suas ações que modificaram o presente deles. Somos os pais deles porquê manifestando-os nós os transformamos, alimentando as transformações deles, e pela nossa vez transformamo-nos em Deuses.

Após ter expandido a Inteligência nas relações e a Arte da Armadilha (isto é a força, o exercício do Poder de Ser próprio), por meio do engolir Métis, e parindo assim Atena, é necessário gerar a Justiça na qual aquele Poder de Ser se manifesta. É necessário que a Justiça tenha como finalidade a vida, e não a negação da vida.

Têmis surge de Urano Estrelado e Gaia. Têmis é o equilíbrio entre as Autoconsciências seja qual for a forma como se geram. É uma Autoconsciência universal que fornece a base do nascimento, da geração, de cada uma das Autoconsciências, porquê a Justiça universal têm como fundamento a transformação do inconsciente em consciente.

Exatamente porquê Têmis é a fonte das relações entre os Poderes de Ser, fornece pelas relações com Zeus, as características divinas da Justiça entre os Seres da Natureza, e entre os Seres Humanos que é o nosso caso. Trata-se de baixar Justiça entre os Seres da Natureza além das espécies diversas, das quais a sua Natureza estamos habituados a pensar. Há Justiça entre o Ser Zebra e o Ser Leão. As relações acontecem por Justiça, enquanto o Leão não destruir as Zebras, mas toma-as por necessidade na medida do necessário, assim como a Zebra não destruirá toda a vegetação da savana, mas consumirá o necessário de que precisa. A injustiça não consiste em satisfazer a necessidade própria, mas no saquear além da necessidade aonde se encerra a esfera pessoal do indivíduo, qualquer indivíduo e qualquer espécie, nas suas relações com o mundo. Por isto a espécie Zebra muniu os seus filhos para resistirem ao leão; ou o eucalipto que foi munido para se defender do excessivo apetite dos herbívoros. Trata-se de Justiça como equilíbrio nas relações entre os sujeitos dentro do Ser Natureza, Hera.

De Têmis com Zeus têm origem as Horas. As Horas baixam nos Seres que nascem em Hera. São três as Horas: Eunômia, Diké e Irene

Eunômia é a boa lei. O bom acordo. Aquele acordo que faz existir entre os Seres da mesma espécie as relações, que se constroem entre eles. De modo que, a alcateia dos Seres da espécie Lobo é equilibrada por Eunômia. As danças para cópula do Ser Pavão ou do Ser Fradinho ou os Seres Sule são equilibrados por Eunômia. Os pactos feitos entre os Seres Humanos daqueles que expõem a própria honra, por meio das palavras, é manifestação de Eunômia. Um acordo que satisfaça todas as partes envolvidas, ou uma lei que concilie os interesses das partes, constitui manifestação de Eunômia. Um bom governo que trata das necessidades e das aspirações tutelando-as entre os cidadãos, é manifestação de Eunômia. Eunômia mostra aos Seres, de cada espécie, como é necessário que todos obtenham benefício em um conjunto deles, e para que tal conjunto não venha a ser prejudicado favorecendo algum membro do conjunto. Constitui um repouso para Eunômia a lei social que proteja a máxima "o mais fraco obtenha justiça nos conflitos com o mais forte". Justiça para pequenas ou grande prevaricações! Quando o conjunto vem a ser prejudicado em favor de alguns, então é Diké que manifesta a sua fúria particular. Obter justiça. O equilíbrio que proporciona justiça. O equilíbrio que assegura justiça a quem é mais fraco socialmente. Somente nos dias atuais conhecemos uma forma de "justiça" perversa introduzida pelo monoteísmo. Uma forma jurídica perversa, que sanciona o direito do mais forte para que ele conserve a sua posição específica de domínio, e o seu direito próprio à prevaricação sobre o mais fraco. Esta forma de "direito privado" (inclusive quando envolve órgãos institucionais de uma nação) era desconhecida nos tempos de Hesíodo e pelos que rememoravam as percepções dele. Essa forma de "direito" que é chamada impropriamente de justiça, e que é uma manifestação de quem se julga dono dos homens, do deus controlador dos hebreus e dos cristãos, que por meio de afirmações chamadas, impropriamente, de "leis", está legitimando o intrínseco poder de domínio para propagar o terror e o assassínio em massa; domina as culturas ocidentais há dois mil anos, consecutivos, e constitui uma manifestação de terroristas, seguidores do carniceiro de Sodoma e Gomorra e do louco de Nazaré, dos quais os cristãos fazem com que dessa forma de "direito" derive o direito deles para violentarem meninos, distribuírem heroína e traficarem escravos.

Não é a Diké a quem os Seres Humanos endereçam a raiva e as blasfêmias deles por causa das injúrias, das prevaricações, que eles sofrem em consequência do carniceiro de Sodoma e Gomorra e do louco de Nazaré. Não é Diké quem reforça as sentenças dos tribunais para a legitimação do direito do mais forte para estuprar e violentar o mais fraco, como foi imposto pelo louco de Nazaré. É o horror de uma sombra negra de morte, que a própria Noite Negra abomina e combate munindo os Seres Humanos (contra essa sombra). Diké é a justiça da vida, a favor da expansão da vida, do seu direito para reivindicar o seu poder próprio e as suas determinações próprias diante dos Deuses. Diké perseguida pelo horror, que os adoradores do carniceiro de Sodoma e Gomorra impuseram ao Sistema Social, baixou no Tártaro obscuro dentro do coração do Ser Humano, e desse lugar ela alimenta a Liberdade. Liberdade, estimulada por Diké e por Eros que quebra os grilhões, tenta construir as condições para o retorno triunfante de Diké.

Somente onde Diké é senhora da espécie dos Seres da Natureza a sua irmã, Irene, alimenta o vir a ser e a riqueza entre os Seres Humanos. Onde Diké é privada de impedir o direito do mais forte para dispor e submeter o mais fraco, Irene, a paz que cria expansão e riqueza, não existe. Podemos verificar que existe o enriquecimento de quem submete, mas não a riqueza do conjunto social. Não a segurança por meio da qual os Seres Humanos podem, sem constrangimentos, e cada um individualmente, segundo a especificidade de cada um, invadir o céu do Conhecimento e do Discernimento. Onde Diké é privada do seu poder, Irene não se revela, foge expulsa e aterrorizada por quem impõe Paz para poder constranger à submissão o mais fraco. Foge de quem reprime o mais fraco para subjetivar e legitimar o seu estado de submisso. Uma submissão com todo o seu coração e com toda a sua alma; é uma coisa odiosa aos Deuses que ocultam Irene em prantos em um solitário ângulo do Tártaro. E lhes resta ficarem assim, até que a Liberdade não reconduza Diké entre os Seres Humanos, englobando-a, reconduzindo Irene para ser a senhora das relações deles.

Eunômia, Diké e Irene não se podem separar. Uma é manifestação da outra. Uma e outra constroem o vir a ser dos Seres Humanos que praticam cada uma delas. Deste modo, nas relações dentro das espécies do Ser Natureza, Zeus Egioco tem o objetivo de fornecer instrumentos aos novos natos para que possam se tornar Deuses, pela vez deles.

Isto é o que nasce de Têmis e Zeus com a finalidade dos Seres das espécies da Natureza poderem construírem-se.

De Têmis e Zeus nasceram também as estratégias do Ser, em particular, para que pudesse vir a ser um DEUS entre os Deuses: as Moiras! São as Moiras, filhas de Zeus e Têmis, que alimentam o vir a ser do Ser da Natureza nas mutações infinitas.

As Moiras já as individuamos!

Recordemos os inícios? Recordemos os filhos da Noite Negra? As Moiras determinam a existência dos filhos do Ser Natureza: os filhos de Hera! Seja qual for o modo como desejamos identificá-las!

Hesíodo escreve na Teogonia traduzida por Romagnoli:

Na Noite Negra Hesíodo dizia:
- as dolorosas Moiras, que infligem tormentos cruéis,
Átropos, Cloto e Láquesis, que a todas as pessoas mortais
o bem, logo que vêm à luz, compartilham e o mal,
pelos erros, penas infligem aos homens e aos Númens.
Nem pelo grandíssimo desprezo nunca desistem estas Deusas,
antes de infligirem pena a cada um, não virá menor a esse.-

Hesíodo, Teogonia 217 - 222

E portanto, em relação a Zeus, Hesíodo nos diz:

- ...e as Parcas,
às quais honra máxima o Cronide concedeu: Láquesis
Átropos e Cloto: o bem e o mal repartem aos homens.-

Hesíodo, Teogonia 904 - 906

Uma e outra coisa é igual. As Moiras são filhas da Noite Negra e são filhas de Zeus e Têmis. Chamem-nas de Parcas ou Moiras (existe também o termo Norne na mitologia escandinava, embora escrita no âmbito cristão), do ponto de vista do significado religioso, nada muda.

Nada muda, seja qual for o nome que são chamadas, ou seja qual for a cultura em que são colocadas, mas as Moiras da Noite Negra são as mesmas Moiras que Zeus, através de Têmis, baixa nos Seres que germinam na Natureza.

Nós, ao nascermos, não determinamos a qualidade da espécie na qual vimos a ser. Ninguém determina-a. Do mesmo modo, inevitavelmente, corremos em direção da morte do corpo físico. Nós podemos somente fiar o fio da nossa vida, da nossa existência. Podemos exercitar a nossa vontade. Assim como os Deuses. Átropos, filha da Noite Negra, é a mesma Átropos filha de Zeus que, atravessando Zeus, torna-se adequada para os Seres que germinam na Natureza.

Muda a situação na qual geram a Autoconsciência delas e o discernimento delas dentro dos Seres que constroem a Consciência e o discernimento delas. Seja ela a que construa a si mesma, no Tártaro obscuro, ou seja ela partícipe com a construção de Zeus e com a germinação que em Zeus têm os Seres da Natureza. Na interpretação de Platão dada na A República, é dito que as Moiras são filhas da Necessidade, Ananque. Onde Láquesis canta o passado, Cloto o presente e Átropos o tempo que vem de encontro. Como isto parece estranho! Parece que Platão interpreta as Moiras como a antiga Religião Romana interpretava Jano. Só que Jano é três em um, enquanto em Hesíodo três se manifestam no um. Artífice de muitos modelos de pensamento sobre o qual virá construído o cristianismo. Platão interpreta a existência como um projeto do demiurgo e em Platão não tem lugar a vontade do homem independentemente do "destino" que lhe é dado pelo demiurgo ou pelo um.

A nós interessa o significado do mito narrado por Hesíodo, conforme o significado na Religião Pagã, e nos princípios religiosos do Paganismo, antes que Platão e outros violentassem o significado do mito para o uso e consumo deles.

Láquesis indica o "destino". O destino é aquele ao qual se está fadado no momento do vir a ser da consciência: um pertence à espécie homem; um outro pertence à espécie vírus; um outro à espécie elefante; um outro à espécie barata; etc. O destino não é aquilo que se vai de encontro, mas é aquilo que se é, como sujeito. Homem, vírus, elefante, etc. Isto é o ser um Deus de Láquesis. Um deus que se exprime, porquê nascida em Zeus, na forma e na descrição da espécie da Natureza na qual a consciência germina.

Cloto indica a minha atividade na minha existência. Significa "o fio". Eu sou o construtor da minha vida. Do meu nascimento, por isto que eu sou Láquesis, eu escolho e uso a minha vontade para tecer a minha vida.

Átropos é o inevitável, a implacável, aquela a quem de um modo ou de outro a nossa vida deve dirigir-se: a morte do corpo físico.

Este é o ciclo dos Seres germinados em Hera. O nascer realiza o destino pelas escolhas subjetivas por meio de Têmis e Zeus e a vontade para a existência é exclusiva dos que nascem e ambicionam tornarem-se Deuses triunfando em Átropos. Há um indicação antiga de Átropos que na sua representação é tão pequena que nem ao menos lembra uma Deusa. Na realidade, ela pertence ao tempo que nos vem de encontro. Átropos é pequena porquê está distante, está no fim da nossa vida física. Portanto, não existe para aqueles que não tenham realizações até o final de suas vidas, a não ser na medida em que o Ser da Natureza exercita a sua vontade própria.

Através do exercício das nossas ações, nós, como Seres Humanos, portanto parte do Ser Natureza, construímos isto que somos por meio das nossas escolhas ou por meio das escolhas impostas (ou condicionadas) dentro da objetividade que assimilamos (no cotidiano). Através do sofrer o que a objetividade nos impõe, condições indiretas que não estamos capacitados a individua-las ou remove-las, mesmo se sempre intermediadas pelas escolhas da nossa subjetividade, nós nos adaptamos para persistirmos na nossa existência.

As Moiras eram geralmente representadas como sendo três velhas. Na realidade, não poderia ser diferente porquê as escolhas de um indivíduo são escolhas definitivas. Escolhas no espaço entre a vida e a morte, sem nenhuma alternativa e sem retorno. Por conseguinte, escolhas do fim: escolhas que conduzem sempre ao final de um processo ou de um caminho. Se estava com fome, comi e me satisfiz! Cada uma destas três afirmações é velha, porquê quando é realizada define uma ação que foi levada até o fim: como a vida é a vida do Ser Humano! Como cada ação executada pelo Ser Humano dentro da própria vida torna-se "velha" uma vez que levada a cabo! Uma vez que já escolhi, então não volto mais para trás, mas devo sempre partir da escolha que fiz, inclusive quando quero mudar a direção aonde escolher.

Uma Moira atraía o fio da vida, e eu nascia. A segunda Moira era construída por mim mediante as minhas escolhas, a minha vontade, a minha determinação e assim tecendo o fio da minha vida. A terceira Moira era imposta pela Natureza e pela minha espécie como inelutável inclusive se eu era livre para cortar, em qualquer momento, o fio da minha vida. A primeira Moira era o fio específico da espécie do qual cada Ser nasce individualmente, a segunda é a atividade do Ser que constrói o fio no presente e a terceira MOIRA outra coisa não é senão o Intento ao qual o Ser que constrói a si mesmo tende.

Nesta leitura desponta a identidade perfeita que Hesíodo concede às Moiras, seja como filhas da Noite Negra seja como filhas de Zeus e Têmis. As Moiras constituem o passado que nos apetrechou, o presente no qual agimos e o futuro em relação ao qual podemos tanto existir como anularmo-nos.

Isto é o que se gera de Têmis e Zeus! Os fins das existências dos Seres da Natureza são atualizações da justiça divina, que conduz os filhos do Ser Natureza a baterem às portas dos Deuses.

As Moiras não nascem pela atividade de Zeus, mas das atividades de Zeus e Têmis tornam-se adequadas para aqueles que germinam na Natureza. É como se disséssemos: a nossa atividade condiciona e modifica o presente. Não necessariamente o novo nasce completamente novo. O novo é modificação do presente que toma um novo caminho de desenvolvimento, ou inicia a exprimir-se de maneira diferente. Pensemos no grande Zeus. Quando a atmosfera deste planeta não consentia o nascimento de Hera, dos filhos do Ser Natureza, como hoje nós os conhecemos, e Hera estava encerrada no ventre de Cronos, Zeus não era o grande Zeus, mas somente um filho de Titãs, em que a luta teria como a finalidade dele conquistar o direito de construir a objetividade aonde novas Autoconsciências pudessem ser geradas e ele pudesse, deste modo, expandir-se.

Isto é o que assimilamos de Têmis! Quem comete a injustiça não é a injustiça em si! A injustiça é gerada pelas condições objetivas, dentro das quais os Seres se transformam e manifestam as suas necessidades, como adaptação subjetiva à variáveis objetivas. Quando eles são fortes para se imporem à objetividade, eis o impor as condições dentro das quais outros Seres não tem capacidade para germinarem. Quando a objetividade varia as condições dentro das quais manifestam-se as necessidades deles, quem comete a injustiça não é mais instigado a fazê-lo porquê a sua inteligência, cultivada desde a infância da sua existência, permite-lhe escolher as adaptações melhores.

A depravação da existência dos Seres, que nós conhecemos como Seres Humanos, já adestrados a cometerem a injustiça mediante a qual poder satisfazer as suas necessidades próprias, é uma injustiça que eles sempre tentarão praticar, prejudicando outros, sem obterem um benefício para eles mesmos. Isto não é devido à maldade ínsita neles, mas dos tempos de transformação da relação entre estrutura emocional, urgências, condicionamento educacional, sensibilidade e relação com a objetividade aonde vivem. Em outras palavras, aquilo que tem influência sobre o ser deles do momento em que são muito pequenos e, portanto, não estão capacitados para construírem uma modificação igual da estrutura emotiva manipulada, quando já são adultos. Portanto, mesmo se as condições objetivas mudam, é necessário que passem algumas gerações de indivíduos antes que os Seres Humanos, adaptados às novas condições encontradas, aprendam a viver absorvendo Têmis.

Aos Deuses imortais, que se manifestam dentro dos Seres Humanos, o raciocínio é diferente. Eles vivem em outras condições. Eles estão habituados a extraírem de si mesmos a força da determinação da própria existência. Mudando a situação objetiva as Moiras se exprimem de modo diverso, porquê diversa é a magia do crescimento delas. A ação dos Deuses nunca está voltada para a destruição, mas está voltada para a construção deles. Às vezes a construção deles mesmos passa pela destruição das condições nas quais outros Seres tentam se expandir. No equilíbrio da vida em Hera esta é a condição de Justiça. Na variação repentina das condições objetivas os Seres, que não estão preparados para afrontar o desconhecido que a eles se apresenta, desaparecem ou transformam-se adaptando-se novamente: é o exemplo do desaparecimento dos grandes répteis.

Os Seres Humanos servem-se de Zeus e Têmis. Quando praticam a magia praticam-na segundo a Justiça. Não agem sobre os Seres, mas sobre as condições. Mesmo quando aparenta não terem havido resultados. O Ser Humano não é criado à imagem e semelhança de um deus proprietário, mas se modifica em relação às condições encontradas. São as condições o alvo da ação do Stregone (do Bruxo), não os Seres em particular. Certamente que para obter um resultado, agindo sobre as condições objetivas, e assim obter uma resposta diversa dos Seres Humanos, é preciso muito tempo. É preciso um tempo de adaptação no qual se possa considerar as novas condições objetivas, e tempo de adaptação dos Seres Humanos no qual possam construir respostas adequadas àquelas novas condições objetivas. Quem pratica o trajeto ao conhecimento e ao saber não tem pressa. Seja como for, saiu da vagina de sua mãe; seja como for transformará a sua morte do corpo físico em nascimento do corpo luminoso.

Estes são os escudos e as armas que Zeus Egioco e Têmis doaram aos germinados em Hera. É através de Têmis que o Stregone (o Bruxo) age. Somente deste modo o Stregone pode modificar o presente no qual vive alimentando o intento da pequena e imensa Átropos, no final do seu caminho. Esta faz parte da sapiência de Zeus Egíoco, que fez como sua a inteligência de Métis, fundindo-a com Têmis, na construção da vida na Natureza.

*NOTA*: As citações da Teogonia de Hesíodo são extraídas da tradução de Ettore Romagnoli "Hesíodo os poemas" Edição de Nicola Zanichelli Bolonha 1929.

*Nota através da transmissão radiofônica do ano 2000 - início da revisão 18 de setembro de 2014

Revisão

Marghera, 06 de novembro de 2014

A tradução foi publicada 03 de março de 2016

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

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Claudio Simeoni

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A análise da Teogonia de Hesíodo

A Religião Pagã forjou uma visão própria do mundo, da vida e do vir a ser das consciências desde as origens do tempo. Tais ideias coincidem no tempo presente com as ideias das religiões e dos primeiros cultos antes da chegada da filosofia, e foram hostilizadas militarmente pelo ódio cristão contra a vida. Analisar Hesíodo nos permite clarificar o ponto de vista da Religião Pagã.