A trapaça da crucificação nos evangelhos
e a Aretè de Aristóteles

Inanna é crucificada
O retorno á vida de Inanna
A resurreição de Inanna
Inanna ressuscita e liberta as almas dos infernos

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Paginas acerca da religião cristã

 

Em vão tentou-se, no decorrer dos séculos, dar-se credibilidade aos contos sobre a crucificação narrada nos evangelhos oficiais.

Afinal, mais do que provar a existência do tal Pôncio Pilatos em uma época, e o reconhecimento de que a prática do crucificar era uma condenação destinada a escravos e rebeldes, nos tempos de Roma, nada conseguiu-se provar no que consta dos evangelhos cristãos.

Antes de entrar-se no mérito da crucificação, é necessário enquadrar o conto dos evangelhos no projeto de relevância social do qual os evangelhos são os portadores. Objetivo dos evangelhos (Marcos, Mateus, Lucas e João) é a destruição do Ser Humano (enquanto é considerado uma pessoa que se determina na vida social, moral e emocional) transformando-o em um objeto de posse, de modo a fazê-lo renunciar a ele próprio, e que esteja disponível a subjetivar a condição específica de um objeto possuído pelo deus-patrão do qual o Jesus de Nazaré é tido como filho. Uma emanação que é administrada pelos próprios evangelistas (e, posteriormente, em nome desses evangelistas, essa emanação será administrada pelas igrejas cristãs e pela igreja católica em particular).

Os evangelistas escrevem os evangelhos legitimando a posse dos indivíduos por parte do seu Jesus, por ser filho do deus-patrão. E, assim, convertem em um monopólio os indivíduos, por parte do patrão, sendo que esses evangelistas assumem a posição de fazedores dessas funções descrevendo-as através de um louco que se vangloria de ter a posse dos indivíduos; essas funções se tornam, então, atividade das igrejas cristãs que saqueiam a Terra para poderem confirmar que elas têm a propriedade sobre os indivíduos, pois são representantes, aqui na Terra, do domínio do deus-patrão: portanto, elas próprias constituem a encarnação do deus-patrão.

De modo que o possuir os indivíduos, por parte do cristianismo, está a imitar a atividade de Jesus conforme consta nos evangelhos; portanto, além do mais, o indivíduo dominado deve, é forçado a individualizar, a tornar pessoal, a submissão; imitando, desse modo, a atividade de Jesus comentada pelos evangelistas nos evangelhos. Tanto quem domina como também o indivíduo que reproduz o domínio que está sofrendo, devem agir conforme o que é denominado a imitação de Cristo.

No cristianismo, assim como há a destruição dos Seres Humanos em geral, há também a autodestruição por meio da sujeição, da servidão, que para os cristãos constitui um comportamento sagrado que será recompensado pelo deus-patrão dos cristãos.

Ou seja, em outras palavras: a subjugação de indivíduos (e a arbitrariedade tanto no dominar quanto ao se administrar o domínio) deve ser igual à aceitação pessoal da autodestruição para que haja a imitação de Cristo; imitação essa com a qual as pessoas possam se identificar nas suas atividades da vida do dia a dia: todos (escravos e proprietários) consideram a postura deles digna de uma gratificação aos olhos do deus-patrão, porque tal comportamento está conforme a imitação de Cristo.

A Via Crucis, entendida como a representação sacra em um modo de exaltar a morte que teria sofrido Cristo, torna-se a indicação, pela igreja católica, ao sofrimento que todos os homens devem aceitar: a recomendação da igreja cristã de que todos os homens devem sofrer para que no final obtenham a "salvação eterna".

O símbolo da cruz carregado pela igreja católica indica o símbolo do sofrimento que ela, a igreja católica, quer impor aos Seres Humanos. Todos aqueles que carregam esse símbolo da cruz outra coisa não fazem a não ser desejar exibir ao mundo que os vê tentando dizer: "Eu sou um cristão e devo obrigar-te a sofrer também para que tu possas imitar Jesus de Nazaré!" É isto o que fazem os missionários nas várias partes do mundo; isto é o que fazem os cristãos nesses vários lugares em conflito com quem não é cristão!

A crucificação do louco de Nazaré nunca aconteceu, pelo simples fato de que o louco de Nazaré nunca existiu. Em compensação existiu o sofrimento provocado pelos cristãos para a imitação daquela narrativa que foi conquistada pelos evangelhos, ou seja pelos evangelistas autores dessa fábula, dessa ficção.

Uma tentativa recente para "fabricar" as provas que atestassem a existência do louco de Nazaré por intermédio de uma incisão postiça de uma inscrição, sobre uma antiga urna funerária naufragou no ridículo, dado que houve uma denúncia de trapaça contra quem havia "fabricado" as provas.

Por quê nos evangelhos, para ser imposto o sofrimento (às pessoas), numa tentativa de que o profeta deles fosse imitado, foi usado exatamente o símbolo do suplício para crucificação?

No início já demos as respostas.

Porque os evangelistas se dirigem às pessoas fracas seja do ponto de vista cultural seja do social. São aquelas pessoas que de acordo com a sua posição social já aceitaram todos os tipos de submissão e de dependência, é para estas pessoas mais fácil impor a submissão ao deus deles, isto é pessoas que já têm a predisposição psíquica para serem dependentes e submissas a um patrão, e não têm uma cultura suficiente para administrarem de uma maneira diferente o próprio status. A cruz, naquela ocasião, era a pena cominada em Roma aos escravos rebeldes e, o exemplo de Jesus dependurado deveria ser exortado de modo a haver uma identificação com ele com todos aqueles que desejariam desobedecer os seus patrões e rebelarem-se contra às condições das suas vidas, ou seja de escravos, e que portanto essa identificação seria o fim da condição que tinham de escravos. Em outras palavras, identificar-se com alguém que viesse a ser condenado à crucificação, só que depois "engana-os" ressuscitando (como muitos DEUSES faziam tanto em continuação às suas obras, como nas mudanças das estações).

O escopo dos evangelistas não era o de indicar um caminho para a liberdade; ao contrário, era o de indicar um caminho onde pudessem substituir o patrão dessas pessoas dependentes dos evangelhos (o Jesus engendrado por eles, os evangelistas) para poderem possuir essas pessoas fracas, e de uma maneira mais completa (isto é com todo o coração e alma delas), de tal modo a obrigá-las a provocarem desordens e com a finalidade de os desordeiros exaltarem essa submissão.

Esse modo, como os evangelistas agiram, fez-lhes ler os acontecimentos que viriam posteriormente. De fato, partimos dos efeitos que foram produzidos pelo uso da doutrina, da ideia da crucificação, para podermos entender os objetivos de tal manipulação usada pelos evangelistas. Ao agirmos assim conferimos aos evangelistas uma perspicácia que eles não tinham. O que conduzia a ação deles era essa ânsia, essa ambição para se apoderarem dos Seres Humanos, para que as pessoas se submetessem a eles. Na doutrina deles não existe uma criatividade, mas há essa avidez para se apoderarem de uma mínima coisa e, assim, essa avidez leva-os a elaborarem os conceitos doutrinários covardes, desprezíveis, naquela época deles; só que aqueles conceitos encontram condições favoráveis para serem aplicados e acabam se tornado destrutivos aos Seres Humanos (como tem acontecido).

Portanto, não se tratava de saber o que provocou o uso da crucificação e nem porque assim o fizeram (parece evidente), mas se trata de saber em que coisa se inspiraram (os evangelistas) para poderem narrar essa fábula criada por eles.

Cuidava-se em responder a esta pergunta: existe na história um exemplo de pessoa crucificada, talvez inocente, ou que tenha mantido um comportamento considerado nobre, muito famosa na Palestina naqueles tempos, para ser usada como uma base sobre a qual os cristãos construíram a imagem da crucificação do Jesus deles?

Uma imagem da crucificação que pôde superar a investigação, no tempo, apoiada em uma história anterior, verdadeira, que tornou plausível a fábula dos cristãos terminando por enganar por 2000 anos a humanidade inteira?

Um mito precedente que, mesmo se não desapareceu da memória dos homens, a cultura católica tende a fazer desaparecer esse mito do conhecimento geral?

O que nos deixava perplexos é que a fábula da ressurreição é facilmente identificável no comportamento de muitas divindades que pertencem à mitologia, enquanto nenhuma divindade em nenhuma mitologia destrói a si mesma e coloca a sua destruição como um modelo aos Seres Humanos.

A questão é que o episódio da crucificação usado pelos evangelistas cristãos, para poderem construir a imitação de Cristo, não é extraído da mitologia antiga, mas de um acontecimento real. Pensando-se bem parece lógico: um deus não tem necessidade de sacrificar a si mesmo para outros DEUSES, mas um homem pode sacrificar-se para o Sistema Social em que vive ou para salvar os seus próprios propósitos. O sacrificar a si próprio pertence ao comportamento humano, não ao comportamento divino. Além do mais, os motivos pelos quais um indivíduo sacrifica a si mesmo são mais ou menos nobres.

O episódio relaciona-se à crucificação de Ermia. Karl Kerenyi, em 'A Religião Antiga' escreve:

"Em ocasião da composição poética [de Aristóteles] houve a crucificação de Hermias, o senhor filósofo da cidade de Atarneu, na Ásia Menor. Ele foi crucificado na capital persa Susa, no ano de 342 ou 341 a.c. Os persas capturaram-no conforme uma prática difundida ulteriormente por déspotas absolutos: induziram-no para fora da cidade, que ele governava, para um colóquio e pegaram-no como prisioneiro [traição]. Submetido à tortura nada revelou do que tinha planejado contra eles e concomitantemente contra o rei Filipe da Macedônia. O rei persa manteve-o no cárcere, a tortura foi suspensa e ele foi interrogado sobre qual era o desejo dele para a última clemência. Hermias respondeu: "Digam aos meus amigos e aos meus companheiros que nada cometi que fosse indigno da filosofia, nem torpe!" Os seus amigos e companheiros eram Erasto e Corisco - que tinham-no aproximado de Platão, com o qual teve também um relacionamento por correspondência - e Aristóteles. Quando Hermias morreu na cruz, Aristóteles já estava na Macedônia como educador de Alexandre. Sua esposa Pizia era sobrinha e filha adotiva de Hermias. A realidade do Aretê [virtus] foi confirmada por Aristóteles de uma morte na cruz dentro da sua própria família."

O mito do Aretê (virtus, uma virtude heróica, que na sua expressão máxima se efetiva com a morte do herói) vem a ser alimentado na Academia de Atenas e a exaltação da virtude de Hermias foi cantada em um Hino escrito por Aristóteles e transformada em culto.

O mito de Hermias e do seu comportamento foi cantado e difundido, em todo o oriente, pelo exército de Alexandre Magno. Alexandre Magno não tinha somente homens armados, mas também filósofos e homens de cultura que o seguiam (entre outros, Pirrone, um dos expoentes máximos da filosofia Grega). O "helenismo", em resumo, com a passagem de Alexandre Magno se difunde no oriente médio a tal ponto que todas as classes cultas da Palestina competiam para exibirem o próprio "helenismo". Os mitos se difundiram também na Palestina e numerosos templos foram erguidos. Entre esse mitos inclusive a história de Hermias com o seu comportamento heroico.

Os evangelistas conheciam, perfeitamente, a história de Hermias. Só que a história de Hermias contém virtudes heroicas de acordo com as finalidades escolhidas pelo sujeito: os cristãos deveriam escolher um tipo de virtude heroica e transformá-la em uma "virtude heroica direcionada a uma humilhação em o sujeito se submetesse". Uma virtude heroica de auto-degradação e submissão, que tivesse como justificação somente nas reações de quem combatesse a tentativa deles em submetê-lo. O significado de os cristãos se dirigirem à pessoa pobre para dizer-lhe: "Se tu me dás tudo o que possuis prometo-te o paraíso!" é diferente do significado de se dirigirem a um Estado soberano para dizer-lhe: "Dá-me tudo o que possuis! Destrói as tuas estruturas! Submete-te ao meu patrão!"

Os evangelistas agiram com um objetivo dirigido a essa virtude heroica, por meio de um sujeito que eles escolheram, e com base nas informações que tinham acerca dessa virtude.

Hermias morreu para salvar um projeto, um propósito; o Jesus dos cristãos "morreu" para submeter os Seres Humanos e toda a Humanidade!

Hermias foi traído. De modo que fizeram com que ele saísse da cidade com uma traição; também o Jesus dos cristãos afirma que foi traído. Só que enquanto em Hermias o sentido da traição é claro, ou seja atraí-lo para capturá-lo, não é claro o sentido da traição de Judas. Não está claro nem nos motivos nem nas ações. Que sentido faz os sacerdotes terem pago Judas, pois poderiam ter prendido Jesus em qualquer momento que lhes conviesse? Está evidente que a traição de Jesus é apenas uma invenção arranjada e com suporte em uma narrativa anterior.

No momento da prisão Jesus não é torturado. Com referência às torturas nem Marcos e nem Mateus se pronunciam. Efetivamente, não teriam tido nenhuma razão de acordo como o processo se desenvolveu, e também pelos motivos da condenação. Em Hermias as torturas fazem sentido: era necessário eliminar-lhe os segredos e os planos que ele tinha elaborado com Filipe da Macedônia.

Finalmente a causa da morte.

Hermias morre para salvar o plano. Jesus simplesmente morre e pronto!

A morte de Hermias constitui um comportamento virtuoso. A morte de Jesus resulta em uma morte mesquinha. A morte de um bandido qualquer. Jesus não tem outra escolha, simplesmente tolera a morte passivamente. Hermias podia escolher em revelar os segredos. Está sob tortura, ninguém lhe imputaria nada. O seu comportamento heroico obriga o rei Persa a parar com a tortura e Hermias, revelando os seus segredos, poderia escolher em negociar a sua liberdade. Ao invés escolhe morrer. Tem a força para resistir à tortura (e isto é uma qualidade sua, uma sua virtude, ou um progresso seu), mas tem a virtude de ser ele mesmo e diante disso escolhe morrer).

Hermias foi crucificado porque era inimigo dos Persas!

Esse modelo de comportamento não pode ser aceito pelos evangelistas, e estes desejam fazer com que o seu Jesus morra, sem motivos, e sem culpas, e isto com o objetivo de obrigar os Seres Humanos a "aderirem ao fanatismo" e com ele se identificarem. Somente desse modo poderão serem submissos. Como se poderia submeter aquele que manifesta a Virtude de ser ele mesmo, autêntico, honesto aos seus próprios planos, aos seus intentos particulares, aos seu próprios propósitos?

Em Hermias a virtude, a sua grandeza vem à luz; em Jesus vem à luz a submissão.

Os evangelhos descrevem um Jesus modesto, simples diante dos juízes, uma pessoa que, depois de ter exigido que eles se colocassem de joelhos porque ele se apresentou como o filho do deus-patrão (dos hebreus), posteriormente, diante desses juízes, mostra-se humilde; e que anteriormente se vangloriava dizendo que eles, os juízes, veriam-no retornar sobre as nuvens à direita seu pai. De modo que os evangelhos descrevem-no, perante os juízes, como um indivíduo que está totalmente desarmado, indefeso, um verdadeiro cordeiro pronto ao sacrifício. Um modelo da propaganda cristã que, deste modo, apresentará como outros modelos a imitá-lo, elegendo-os à santidade, os piores criminosos assistidos pela história, que não foram nem os primeiros e nem os últimos, mas os atuais João XXIII, Padre Pio, Madre Teresa de Calcutá. Assassinos, criminosos, que tornaram a igreja católica potente, agindo para que os Seres Humanos, no Sistema Social em que viviam, se tornassem cordeiros para serem sacrificados exatamente como a imagem imaginária do Jesus deles sobre a cruz. Uma cruz que era imposta a quem não estava em condições para se defender. As pessoas morriam internadas em campos de concentração, com tratamentos desumanos administrados pela Teresa de Calcutá; ou debaixo dos projéteis dos Corajosos de Cristo do Padre Pio, ou estuprados pelos agentes de João XXIII.

Aristóteles não exalta a crucificação, mas o comportamento da pessoa.

Só que as minhas predileções não valem. Neste momento, vale o sentido da Aretê e o significado que lhe era dado naqueles tempos, e como os cristãos estupraram esse significado para adaptá-lo aos seus objetivos particulares.

Aristóteles não exalta a crucificação, mas o comportamento da pessoa.

A mim não me agrada o heroísmo diante da morte, prefiro o heroísmo diante da vida.

Só que as minhas predileções não contam. Neste momento o que conta é o sentido da Aretê e o significado que lhe era dado naqueles tempos, e como os cristãos deturparam-no para amoldá-lo aos seus fins particulares.

Aristóteles compõe um Hino a favor da Aretê manifestada por Hermias.

Vale a pena ler este hino para que seja compreendida a maneira como impressionou os estudiosos da filosofia Grega, na Palestina, naqueles tempos, e como isto combinava com a própria estrutura emocional de então.

HINO À ARETÊ [virtus]:
EM MEMÓRIA DE HERMIAS DE ATARNEO

Aretê, fonte de tantas aflições da estirpe mortal,
a mais bela caça para a vida,
pela tua figura virginal
também o morrer é, na Ellada, destino ambicionado
e o suportar sem interrupção esforços extenuantes:
tal é o fruto que concedes ao espírito,
assemelhas-te com a eternidade
e és o ouro mais precioso
e dos antepassados o torpor doce do esplendor,
és o motivo pelo qual Hércules, nascido de Zeus,
e pelo qual os filhos de Leda
muito suportaram, com as suas façanhas,
seguindo as tuas possibilidades.
Pelo desejo de ti
morreram Aquiles e Ajax,
por amor a tua figura bela também o homem de Atarneo
privou-se da luz do Sol.
Por isso, as suas façanhas tornam-nos dignos de canto,
e imortais as Musas os aclamarão,
filhas de Mnemósine,
acrescentando a inquietação de Zeus hospitaleiro
e a honra da sólida amizade. -

(Extraído de: Karl Kerenyi em A Religião Antiga, ed. Adelphi)

O Hino em si é muito potente, cheio de pathos capaz de atrair e envolver o ouvinte em especial em uma recordação da pessoa, e do seu comportamento manifestado.

Esse Hino foi subjetivado pelos frequentadores da Academia de Atrenas e era cantado antes das refeições comuns. O Hino é um canto, uma espécie de Peana (canto em honra de Apolo), que podia ser entoado somente em honra de Apolo. Disto os Hierofantes de Eleusis acusaram Aristóteles de que, uma vez que estava morto Alexandre Magno, estava privado de protetores.

Assim, depois de abandonar o Liceu transferiu-se à Calcide.

As intenções de Aristóteles foram deturpadas pelos cristãos e usadas em uma direção completamente diferente.

Se a trapaça dos cristãos consiste em ter sido inventado um Jesus, que não existe, e ainda confirmando a trapaça dos hebreus acerca da existência de um deus criador, com a crucificação construíram a orientação doutrinária de impor à humanidade: a tortura da crucificação!

E com que atenção e pontualidade praticaram-na e ainda praticam-na!

 

CONSIDERAÇÕES

Estas considerações circularam na internet e as reações que provocaram produziram outras séries de considerações.

O comportamento das pessoas está ligado à estrutura educacional.

A estrutura educacional é a manifestação pragmática das ideias religiosas dos educadores. Por conseguinte, fornecida uma visão sobre o crucifixo, temos que o comportamento das pessoas constitui uma consequência dessa estrutura educacional. Seja o auto sacrifício do sujeito, como é imposto pelo cristianismo, seja a Virtus das Antigas Religiões, ambos calam no ânimo das pessoas, nas emoções, na psique do indivíduo. Isto será manifestado de um modo decidido conforme as oposições da existência colocam em discussão o comportamento emotivo diante da vida.

Pela sequência de correspondências, que esta página provocou, parece-me evidente que nas pessoas falta frequentemente aquele mínimo de Virtus, Honra ou Aretê que diferencia uma pessoa de um correio eletrônico.

No fundo era este um dos objetivos a ser alcançado com esta publicação. Enquanto a história de Hermias indica um comportamento corajoso e coerente em si mesmo, diante de uma situação dramática, a mesma situação dramática é usada para indicar um comportamento vil e de renúncia às contendas da vida.

A situação indicada é dramática.

Se, porém, nós, ao fazermos uso daquela situação amoldando-a ao comportamento de cada indivíduo, em toda a sua vida, em cada momento da sua existência, isto que foi indicado por Hermias e o que é indicado por Jesus é um comportamento diametralmente oposto. Enquanto Hermias mostra a coragem através da qual enfrenta-se a própria existência, Jesus mostra a submissão como uma aceitação dos eventos que são consequência da "providência" e da "vontade" do deus-patrão.

Quando estas duas posturas são interiorizadas pelos Seres Humanos, então são mensageiras de dois comportamentos diferentes. O homem corajoso enfrenta os problemas da sua vida e tenta resolvê-los; o homem submisso diante dos problemas se torna um covarde. O pávido diante de uma situação normal, na vida, se esconde e mascara a sua covardia, apenas diante de problemas urgentes na sua existência manifesta a sua debilidade. Ele manifesta uma apatia constante diante dos contrassensos da vida, salvo usando da violência física. O covarde é aquele que resolve as oposições na vida por intermédio da violência, de bombas, da prisão, dos campos de concentração e extermínio, das torturas, quando é detentor de poder social para agir assim. O maricas acredita que deve destruir o homem corajoso, porque o homem valente, que pratica a Virtus, coloca-o face a face com a sua covardia (Giordano Bruno, e Galileu Galilei, como exemplos).

É o que aconteceu no decorrer de toda a história: quem se identificava com a submissão deveria destruir os outros, não submissos, para poder submetê-los à sua submissão particular.

A única novidade produzida na cena histórica do cristianismo foram as guerras para submeter outros povos ao deus cristão, e os campos de extermínio com objetivos religiosos. E tudo isto em respeito à ideia que o crucifixo dos cristãos transmite aos Sistemas Sociais humanos.

O homem corajoso não necessita submeter outras pessoas, pois é forte por si mesmo!

Esta é uma das inúmeras coisas que podem ser aprendidas na história de Hermias! Ocorre que a coragem e a covardia não são motivações que nascem com o indivíduo, mas são conquistadas por meio das escolhas individuais em cada instante da vida de cada um: covardia e coragem constituem aquilo que o homem escolheu para o seu desempenho na vida independentemente das condições que o obrigaram a escolher, entre essas duas motivações.

 

INANNA DESCE AOS INFERNOS E LIBERTA AS ALMAS
PRISIONEIRAS SOFRENDO A CRUCIFICAÇÃO

Este Hino sumério mostra-nos de onde os cristãos extraem a história da descida ao inferno do profeta louco, deles. É verdade que Orfeu e Hércules descem ao Hades, mas na tradição Grega as almas não voltam do Hades! Não existe um lugar diferente para quem morre, na Antiga Grécia. O particulares Campos Elísios fazem parte do Hades.

Na tradição suméria o céu é o oposto dos infernos (esta que uso é uma tradição popular do texto, não sei o quanto é válida especificamente em seus termos e não sei o quanto os termos, traduzidos deste modo, significam na deslocação cultural da cultura Suméria à visão cultural atual).

A rainha dos céus desce aos infernos.

Na sua descida ela é despojada de todo o seu poder e no final é crucificada em uma coluna, um pelourinho.

A espoliação do seu poder é a sua glória, porque espoliar o poder de ação de um Deus significa produzi-lo mais poderoso. Diz o Deus "Prendam-me, prendam-me, acorrentem-me contra a coluna e mais potente eu me torno, e assim encontro novas estratégias para existir com novas representações na vida!"

Menciono que, na tradição da Antigas Religiões, o Deus é aquele que pratica ações na sua existência, e tais são ações são as que modificam a objetividade do existir; não existe nas Antigas Religiões o conceito de um deus proprietário absoluto e onipotente (entendido como um conceito absoluto!). Cada DEUS é relativo e constrói a si mesmo.

Aqui Inanna desafia o reino dos infernos. Com esse desafio Inanna renova e alimenta o seu poder e, ao mesmo tempo, permite que as almas prisioneiras dos Infernos se libertem das imposições e, deste modo, possam iniciar um caminho novo para a renovação.

Provavelmente já pode ser percebida a ideia da ressurreição e de onde copiaram-na para ser atribuída ao seu profeta louco!

 

DESCIDA AOS INFERNOS DE INANNA

Das "grandes alturas" ela dirigiu a mente em direção
às "baixas profundezas",
a Deusa, das "grandes alturas" dirigiu a
mente em direção às "baixas profundezas",
Inanna, das "grandes alturas" dirigiu a mente
às "baixas profundezas".
A minha Senhora abandou o céu, abandonou a terra,
e desceu ao inferno,
Inanna abandonou o céu, abandonou a terra,
e desceu ao inferno,
abandonou as regiões das quais era soberana,
e desceu no inferno.
E ele, o inferno, falou à pura Inanna:
"Vem, Inanna, entra."
Ao atravessar a primeira porta,
a shugurra, a coroa que lhe contornava
a cabeça, lhe é subtraída.
"O que significa isto?"
Prodigiosamente, ou com Inanna, as leis
do inferno foram aperfeiçoadas,
ou Inanna, não discute as leis do inferno."
Ao atravessar a segunda porta,
o cetro lápis lazúli lhe é subtraído.
"O que significa isto?"
"Surpreendentemente, ou com Inanna, as leis
do inferno foram aperfeiçoadas,
ou Inanna, não questiona as leis do inferno."
Ao ultrapassar a terceira porta,
os pequenos lápis lazúli que lhe contornavam o pescoço
lhe foram subtraídos.
"O que significa isto?"
"Extraordinariamente, ou com Inanna,
as leis do inferno forma aperfeiçoadas,
ou Inanna, não indaga sobre as leis do inferno."
Ao passar pela quarta porta,
as pedras que fulguravam sobre os seus seios lhe foram tiradas.
"O que significa isto?"
"Estupendamente, ou com Inanna, as leis
do inferno foram refinadas,
ou Inanna não discute as leis do inferno."
Ao traspassar a quinta porta,
o anel de ouro que estava em um de seus dedos lhe foi eliminado.
"O que significa isto?"
Excepcionalmente, ou com Inanna, as leis
do inferno foram corrigidas,
ou Inanna não questiona as leis do inferno."
Ao passar pela sexta porta,
o bustier que lhe cingia os seios lhe foi retirado.
"O que significa isto?"
'Insolitamente, ou com Inanna, as leis
do inferno foram aprimoradas,
ou Inanna não discute as leis do inferno."
Ao transpassar a sétima porta,
toda a vestimenta que cobria o seu corpo lhe foi removida.
"O que significa isto?"
Sensacionalmente, ou com Inanna, as leis
do inferno foram depuradas,
ou Inanna não discute as leis do inferno."

 

PRISIONEIRAS SOFRENDO A CRUCIFICAÇÃO
INANNA É CRUCIFICADA:
O RETORNO À VIDA DE INANNA
A RESSURREIÇÃO DE INANNA
INANNA RESSUSCITA E LIBERTA AS ALMAS DOS INFERNOS

Transcorrido três dias e três noites,
Ninshubur, o mensageiro de Inanna,
o mensageiro das boas palavras,
o portador de palavras consoladoras, impregnou o céu com lamentos,
chorou no templo das assembleias,
correu através da casa dos deuses...
Vestiu-se com uma indumentária única, como um pobre,
e em direção a Ekur, a casa de Enlil, apenas a isto tudo o mais
dirigiu os seus passos
[...]
Contra o cadáver pendurado em uma coluna se dirigiram
terríveis raios de fogo,
sessenta vezes o alimento da vida, sessenta vezes
a água da vida, se espargiram sobre ele,
Inanna se ergueu.
Inanna retorna do inferno.
os Anunnaki fugiram,
e todos aqueles que haviam descido tranquilamente ao inferno;
quando então Inanna retorna do inferno,
antecipada por todos os mortos.

 

Os cristãos comemorarão a sua Pascoa e, por meio dessa comemoração, exaltarão o seu deus que fez com que fossem massacrados, em seu glória, todos os primogênitos egípcios (tradição da pascoa dos hebreus acolhida pelos cristãos). Depois, os cristãos, comemorarão Inanna ofendendo-a em seu ardor divino para comemorarem o seu profeta louco!

N.B.: O texto de Inanna é extraído de "As grandes experiências religiosas" edição de Edipem

Acrescentado em 25 de fevereiro de 2006

 

A tradução foi publicada 05 de março de 2017

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

Paginas acerca da religião cristã

Páginas de análise dos últimos dois séculos de ideias filosóficas da Religião Pagã

 

Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo

Guardião do Anticristo

Membro fundaddor

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Tel. 3277862784

e-mail: claudiosimeoni@libero.it

O Mal Absoluto

O mal absoluto é aquela ideologia que destrói o futuro das pessoas obrigando-as a se submeterem, com todo o coração e "toda a alma". O mal absoluto está contido na bíblia cristã, nos evangelhos cristãos, nos textos dos hebreus, no Alcorão e nos cânones budistas.