Parcas - formar o destino próprio

Os Deuses na Religião Romana
A Estrada de Ouro

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Índice da Religião Romana

 

As Parcas, usualmente no plural, são Nixe usada no singular. Enquanto Nixe pertence ao vir-a-ser do Ser Humano não nascido, e vincula-se aos esforços feitos pelo Ser Humano feminino para pari-lo, as Parcas referem-se às transformações do Ser Humano adulto.

As Parcas representam o ingresso do menino na idade adulta, a sua vida sexual e a sua transformação em Ser Luminoso.

Estas três fases, do vir-a-ser humano, não permitem facilmente a construção de lendas.

As Parcas são advertências ao Ser Humano para prosseguir a sua existência particular ao longo de um caminho.

Cada uma destas fases deve ser observada escrupulosamente. Cada Parca é o prelúdio da outra.

O Ser Luminoso não é possível sem uma vida sexual. A vida sexual não é possível sem o vir-a-ser adulto do garoto. Muitos meninos envelhecem antes de se tornarem adultos. Muitos adultos impõem aos meninos esquemas comportamentais que, ou num sentido (castidade) ou no outro (pervesão sexual), tendem a sufocar o vir-a-ser da sua maturidade. De modo que estes, já velhos, se tornam adultos sem terem tido a possibilidade de crescer para fundar o seu vir-a-ser individual.

As Parcas são as guardiãs das etapas da transformação da vida humana. O seu nascimento, a sua transformação e a sua morte. As Parcas estão atentas, conforme lhes é possível, para que ninguém, que tenha a possibilidade de se tornar eterno, venha a extinguir-se destruindo as suas próprias possibilidades para a eternidade.

As Parcas constituem as necessidades do vir-a-ser humano.

O que é a Liberdade do Ser Humano?

Seguir o vir-a-ser preestabelecido pelas Parcas! Desenvolvendo-se, difundindo-se até o vir-a-ser eterno.

Nos tempos assaz antigos, é dito que havia somente uma Parca: a transformação do Ser Humano em Ser Luminoso.

Posteriormente, os videntes viram que para chegar a esse estágio, eram necessárias algumas coisas que se mostravam a eles como globos luminosos nos quais o Ser Humano mergulhava, para depois sair muito mais potente.

Os videntes conseguiram distinguir duas esferas: conseguir tornar-se adulto, nem todos os Seres Humanos conseguiam isto, e a vida sexual que nem todos os Seres Humanos praticavam.

Os videntes individuaram a Parca em três consciências distintas: Nona, Décima e Morte.

Com isto os poetas encontraram a afinidade com as Moiras da Grécia, que mormente serviam para o canto dos poetas.

As Parcas entraram no mito com o nome de Fata. As Parcas se manifestavam nas transformações "necessárias" ao desenvolvimento da vida dos Seres da Natureza. Não eram "protetoras", eram o "deus" que se exprime no momento exato no qual o feto se transforma num bebe, no momento preciso em que meninos e meninas se transformam em homens e mulheres; no mesmo momento no qual homens e mulheres se transformam em Seres Luminosos.

Em cada um dos outros momentos da existência, qualquer outro Ser podia ter acesso àquelas mesmas visões, porque o objeto daquelas visões nada mais era a não ser o percurso da sua própria vida e, embora usando outros nomes, a indicar os exatos momentos da transformação humana a qual os videntes Romanos apontavam com o nome de Parcas.

É necessário recordar as Parcas porque é necessário recordar qual é a via a ser percorrida, mesmo quando parece que tudo conspira contra os Seres Humanos, nos momentos múltiplos da sua existência. Estes momentos constituem as etapas que são atravessadas pelos Ser Humano adulto para que ele se torne eterno, mas sobretudo, o Ser Humano deve cuidar e ter Atenção ao vir-a-ser dos próprios filhos, deve fornecer-lhes os instrumentos para que se tornem adultos com o conhecimento e os meios para que possam assumir a responsabilidade da existência individual. Não se pode permitir o sufocamento da infância porque, se for ao contrário, a sociedade perde o seu patrimônio social, do mesmo modo que o perderia ignorando as necessidade dos seus próprios filhos.

Os Seres Humanos devem estar atentos na busca da sua liberdade específica, removendo obstáculos que percebem na sua vivência como impedimentos e aborrecimentos, transmitindo aos jovens a importância da necessidade de agir para perceber e remover tudo quanto lhes impede ou que constitui obstáculos para o seu agir. É pela ação do adulto que a criança aprende, não pelos ensinamentos racionais (falados), pois a ação do adulto propaga também as suas emoções e estas emoções difundidas, por meio da ação, entram imediatamente em comunicação com as emoções da criança.

O Ser Humano adulto buscará a liberdade desvencilhando-se daquilo que ele considera um impedimento ao seu agir para o desenvolvimento da Autoconsciência, ao longo do caminho do Ser, de forma que também os filhos o imitarão; se o Ser Humano adulto suplica de joelhos a um deus, então está ensinando aos seus filhos a súplica a um deus, ajoelhados, e consequentemente isentando-os da responsabilidade em relação aos problemas da sua vida individual e, assim, eles ficam aguardando a intervenção de tal deus.

O Ser Humano ensina aos filhos tudo o que ele faz, e não pelo que ele diz, ou melhor, os filhos aprendem aquilo que ele diz na medida em que, o que é dito, descreve o que o Ser Humano faz e não haja contradição entre o falar e o agir.

Foi deste modo que o feto se transformou em bebê; o que o neném encontrou? Conseguirá vir-a-ser "adulto" ou a sua infância será um aborto e ele viverá a sua vida como um eterno menino, em busca de alguém para deste ficar dependente?

As Parcas, como as Moiras ou as Norne norrene, sustentam o fio que o indivíduo nascido tece com as suas ações; com as suas escolhas o indivíduo forma o seu próprio "destino"; e enfim, essa sua vida, assim construída, desemboca no imenso mar da morte física.

O Ser Humano tece com o fio da sua vida, forja o seu destino e triunfa na morte. Em tudo isto, há um pouco de tudo da Religião da Antiga Roma.

 

Texto de 1993

Revisado no formato atual: Marghera, agosto de 2018

 

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

A tradução foi publicada 13.gennaio.2019

 

Il sentiero d'oro: gli Dèi romani

A vida representada por Juno na 'Piazza delle Erbe' em Verona

 

O suicídio representada por Julieta em Verona

 

A Religião Pagã exalta a vida triunfando na ocasião da morte.

 

O cristianismo exalta a morte, a dor, a crucificação e o suicídio.

 

Por isso os cristãos desesperados têm um patrão, que lhes promete a ressurreição na carne.

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Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)

Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)

Membro fundador

da Federação Pagã

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Tel. 3277862784

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A Religião da Antiga Roma

A Religião da Antiga Roma estava caracterizada por dois elementos fundamentais. Primeiro: era uma Religião elaborada pelo homem que habita o mundo, que é constituído por Deuses, e com estes ele mantinha relacionamentos recíprocos para interesses comuns. Segundo: a Religião da Antiga Roma era a religião da transformação, do tempo, da ação, de um contrato entre os sujeitos que agem. Estas são as condições que a filosofia estoica e platônica jamais compreenderam e, a ação delas deformou, até os dias de hoje, a interpretação da Antiga Religião de Roma, nivelando-a aos modelos estáticos do platonismo e neoplatonismo primeiramente, e ao modelo do cristianismo depois. Retomar a tradição religiosa da Antiga Roma, de Numa, significa sair fora dos modelos cristãos, neoplatônicos e estoicos para se retomar a ideia do tempo e da transformação em um mundo que se transforma.