A peculiaridade dos Livros Sibilinos

As corporações religiosas da Religião de Roma pré-cristã

Os Deuses na Religião Romana
A Estrada de Ouro

Claudio Simeoni
traduzido por Dante Lioi Filho

Índice da Religião Romana

 

Os Livros Sibilinos representam para Roma um elemento importante na fundação do seu vir-a-ser. Tendem encaminhá-la de cidade à forma-estado, em uma direção para o seu desenvolvimento possível. Os Livros são reunidos por um vidente capaz de agir nas mutações sociais encaminhando, assim, as escolhas dos homens de maneira que Roma seja conduzida a seguir uma sequência fundamental, favorável socialmente, nas suas modificações. Na base da vidência romana está a subjetividade do vidente, que fez dos propósitos (da cidade) os seus próprios propósitos, os desejos e os intentos da cidade onde ele vive. As suas emoções uniram-se ao ambiente em que ele vive, e ele vive e respira um ambiente social que "nele habita". Os Livros Sibilinos constituem a forma com a qual o vidente justifica a sua percepção própria, manifesta suas intuições pessoais e a sua razão transforma as intuições numa ação delineada.

Os Livros Sibilinos determinam a forma dentro da qual a intuição do vidente é concluída, resolvida. Em síntese, eles controlam o vidente a fim de que este não venha a se substituir à sociedade em que vive. O vidente determina as escolhas para controlar a direção. De um lado, os Livros Sibilinos restringem as escolhas do Estado, por outro lado impedem que as expressões religiosas da multidão desemboquem num fanatismo devastador.

Os Livros Sibilinos devem ser interpretados, mas forçam o intérprete a se modificar diante da questão e da resposta. Os Livros Sibilinos desfrutam de um tal poder que não permitem desvios e, através disto, adquirem uma fama em alto grau que obriga os cristãos e os hebreus a executarem a contrafação, a falsificação. Com a chegada dos cristãos e dos hebreus, Roma fica repleta de livros sibilinos hebraicos que hoje receberam o nome de "Apocalipses".

Os Livros Sibilinos mantêm a evolução linear do Estado romano até a destruição deles. Depois de destruídos, o Estado romano inicia um processo de involução, de decadência, através da qual a República Romana se torna uma nação absolutista; primeiramente a ditadura, depois autoritarismo do imperador e finalmente o cristianismo.

A consulta aos Livros Sibilinos ocorre com a ordem do Senado, e somente nos casos de aparecimento de situações graves tanto dentro da sociedade romana como fora dela.

Constituíam situações graves sinais oriundos do céu aptos a desencadear temores da população. Esses temores eram exorcizados por meio de sacrifícios, súplicas e edificações de templos. Enquanto isso, o perigo diminuía, as tensões se aplacavam enquanto os Seres Humanos enfrentavam, como podiam, os problemas que se evidenciavam com carências raras e epidemias, de forma que os prejuízos eram minimizados e o Sistema Social de Roma, através daquelas escolhas repassadas, era revigorado.

No cristianismo, as pestilências, as penúrias, as ocorrências de fenômenos celestes começarão a ser usados para nutrir perseguições e miséria; havendo destruição, consequentemente, de qualquer imagem de estado ou de ordenamento social sobre o qual a população pudesse, de alguma maneira, impor uma fagulha de liberdade social. É para ser recordada que a maior pestilência, na história europeia, no ano de 1300 d.c., foi provocada precisamente pelas escolhas dos cristãos ao exterminarem mulheres, por eles definidas como "bruxas (streghe)" bem como os gatos, considerados auxiliadores das bruxas, eis que os cristãos os julgavam demoníacos; como resultado houve um aumento gigantesco de ratos, que por intermédio das suas pulgas, transmitiram a peste.

"Como nós poderíamos saber?" perguntam os cristãos.

Vós, cristãos, matáreis as mulheres. Vós impuséreis uma ideia de extermínio com o objetivo direcionado a fins supersticiosos. Esta é a vossa culpa. Não matáreis mulheres e gatos por necessidade (isto é, porque as primeiras foram inimigas ou por necessidade de alimentação dos segundos), fizéreis por ideologia religiosa. Uma escolha ideológica ligada à superstição. Exatamente por isso a responsabilidade dos cristãos é mil vezes maior.

Os cristãos têm a responsabilidade por terem imitado Jesus de Nazaré diante da figueira: destruiu-a porque a figueira não pôde lhe dar aquilo que ele queria e como ele queria, bem como quando ele queria. Do mesmo modo os cristãos fizeram com as mulheres. A maldade dos cristãos é imensa, porque os seus "livros sacros" indicam a maldade contra homens, mulheres e crianças mediante ação que o seu Deus lhes decreta para demonstrar um ato de obediência e devoção a ele.

Se os cristãos se tivessem apoiado nos antigos Livros Sibilinos, não teriam rapinado o real da existência para exorcizar os seus temores, teriam conquistado o que existe para conduzi-lo em direção às mudanças desejadas. Consequentemente não teriam sido cristãos.

Depois que os cristãos provocaram a peste, em decorrência de mortes e destruições assustadoras, eles construíram templos ao Deus deles para serem protegidos por essa sua providência divina. Há uma inversão completa da mentalidade com a qual o homem afronta os problemas sociais.

Os Livros Sibilinos detinham um poder grande que sabiam transmitir aos Quindecemviri (sacerdotes diversos em número e nas várias épocas) para implantar, continuadamente, o acordo entre os Seres Humanos e as Autoconsciências do mundo ao redor. A assim chamada Pax Deorum.

Os Livros Sibilinos foram consultados nove vezes em decorrência de quedas de meteoritos, e representaram um guia nas escolhas sociais, impedindo tais escolhas apontar a destruição da existência, além do que contribuíram para o desenvolvimento da liberdade da sociedade romana. Quando foram queimados no incêndio do templo de Júpiter Capitolino, Roma torna-se uma cidade diferente.

 

Texto de 1993

Revisado na formatação atual: Marghera, janeiro de 2019

 

Aqui você pode encontrar a versão original em italiano

A tradução foi publicada 18.04.2019

 

Il sentiero d'oro: gli Dèi romani

A vida representada por Juno na 'Piazza delle Erbe' em Verona

 

O suicídio representada por Julieta em Verona

 

A Religião Pagã exalta a vida triunfando na ocasião da morte.

 

O cristianismo exalta a morte, a dor, a crucificação e o suicídio.

 

Por isso os cristãos desesperados têm um patrão, que lhes promete a ressurreição na carne.

Home Page

Claudio Simeoni

Mecânico

Aprendiz a Bruxo (Apprendista Stregone)

Guardião do Anticristo (Guardiano dell'Anticristo)

Membro fundador

da Federação Pagã

Piaz.le Parmesan, 8

30175 - Marghera - Veneza

Tel. 3277862784

Tel. 3277862784

e-mail: claudiosimeoni@libero.it

A Religião da Antiga Roma

A Religião da Antiga Roma estava caracterizada por dois elementos fundamentais. Primeiro: era uma Religião elaborada pelo homem que habita o mundo, que é constituído por Deuses, e com estes ele mantinha relacionamentos recíprocos para interesses comuns. Segundo: a Religião da Antiga Roma era a religião da transformação, do tempo, da ação, de um contrato entre os sujeitos que agem. Estas são as condições que a filosofia estoica e platônica jamais compreenderam e, a ação delas deformou, até os dias de hoje, a interpretação da Antiga Religião de Roma, nivelando-a aos modelos estáticos do platonismo e neoplatonismo primeiramente, e ao modelo do cristianismo depois. Retomar a tradição religiosa da Antiga Roma, de Numa, significa sair fora dos modelos cristãos, neoplatônicos e estoicos para se retomar a ideia do tempo e da transformação em um mundo que se transforma.